Desenho de um saxofone Instrumental & Tal - Considerações Sobre Deficiência Visual



Considerações sobre Deficiência Visual


Nota

Com este artigo, apenas pretendo abordar alguns aspectos sobre o tema, no intuito de oferecer informações básicas, para eventuais interessados no assunto. Evidentemente, quem quiser se aprofundar no tema, terá que buscar literatura técnica especializada.



Definição


1- Deficiência visual

É portador de deficiência visual, todo aquele que possui acuidade visual inferior a 1 (Grau máximo na Escala Optométrica de Snellen, que vai de 0 a 1). Só que em alguns casos, o indivíduo apenas fica sabendo de sua deficiência quando passa por exame oftalmológico.

2- Cegueira

Considera-se portador de cegueira, aquele cuja visão do melhor olho, após a melhor correção óptica ou cirúrgica, varia de zero a um décimo (Escala Optométrica de Snellen), ou quando tem o campo visual reduzido a um ângulo menor que 20 graus. Para entender-se melhor o que significa um décimo de acuidade visual, pode-se exemplificar, dizendo que o indivíduo portador dessa acuidade, apenas enxerga a uma distância de 20m, o tipo optométrico que uma pessoa portadora de acuidade visual igual a 1 , consegue enxergar à distância de 200m.

3- Visão Reduzida

São considerados portadores de visão reduzida, aqueles cuja acuidade visual situa-se entre 0,1 e 0,3 . Nesses casos podem ser empregados recursos de auxílio óptico (que não são os óculos convencionais)


Observação:

As definições acima foram compiladas de artigos escritos pelos Professores e Doutores Sylas Fernandes Maciel (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e Hilton Rocha (Fundação Hilton Rocha - BH - MG).



Da Cegueira e da Visão Reduzida


Complementando as definições acima, convém observarmos que é muito comum pensar que toda pessoa portadora de cegueira "enxerga" um "fundo negro", porém dependendo de seu comprometimento, podem ser percebidos vultos sem definição e até algumas cores, é a chamada visão residual. Além disso, podemos afirmar que a pessoa portadora de cegueira desenvolve uma visão, que não a dos olhos, mas sim, uma forma de visão e visualização que se poderia chamar de interna ou mental.

Podemos perceber que a quantificação médica das variações na acuidade visual se torna um tanto vago para o leigo, já que a deficiência visual se apresenta das formas mais variadas. Por exemplo, o portador de tal deficiência pode enxergar melhor quando a imagem se forma em uma certa região da retina, por ter pontos cegos ou semi cegos em outras áreas da mesma. Assim, podemos melhor entender as definições médicas expostas acima, observando mais detalhadamente, casos como o da visão tubular, no qual pode-se enxergar bem aquilo que está a sua frente e nada ao redor de si, por outra, conforme o comprometimento da região central ou periférica da retina, a pessoa pode ter a percepção visual daquilo que está ao seu lado e não enxergar nada a sua frente. Também, existem aqueles que só têm alguma percepção visual, dependendo da distância do objeto, ou mesmo, da intensidade ou da fonte de iluminação. Além do que, incluem-se a essas diferentes apresentações dos quadros de deficiência visual, as variantes em relação à lateralidade da percepção visual, onde dependendo do grau de acuidade visual de cada olho, a pessoa pode enxergar melhor ou pior, à esquerda ou à direita.



O que deve ser mais difícil, nascer cego ou ficar cego?


Não raro nos perguntamos: o que deve ser mais difícil, nascer cego ou ficar cego depois de já ter enxergado?... Esse questionamento é bastante complexo, entretanto refletindo sobre o assunto, podemos procurar conhecer melhor o indivíduo portador de cegueira, sem, contudo, alimentarmos a pretensão de encontrarmos tal resposta.

A cegueira pode ser de nascença ou verificada ao longo da vida. É comum imaginar-se que toda pessoa portadora de cegueira nasceu assim, porém muitos são os casos de pessoas que adquiriram a cegueira após determinado período de vida. Daí, a diferença que se observa no tocante às habilidades dos portadores de cegueira. Uma pessoa tendo perdido a visão há pouco tempo, dificilmente terá a mesma desenvoltura daquela que já nasceu cega, pois esta, desde o início de sua vida, não experimentou qualquer mudança; pelo contrário, habituada aos recursos de que sempre dispôs, cria naturalmente seus próprios meios para vencer as diversas tarefas que se lhe apresentam.

Pensemos nos prós e nos contras de cada uma das situações:

Aquele que nasce portador de cegueira, que cresce naturalmente nessa condição, não experimenta qualquer sentimento de perda, mas, sem dúvida, encontra dificuldade natural para compreensão dos conceitos visuais, sobretudo, num mundo em que a visualização constitui o maior veículo para a aquisição do conhecimento. Por outro lado, quem adquire a cegueira depois de já ter enxergado, provavelmente já contará com alguma compreensão das noções baseadas nesse mundo visual, porém terá de elaborar o sentimento de perda de tudo o que lhe proporcionava a visão, terá de enfrentar o doloroso processo de adaptação à nova condição, posto que, naturalmente, baseava no sentido da visão grande parte de sua orientação e percepção do mundo.

Importante, também, que procuremos levar em consideração alguns outros fatores para o melhor entendimento do assunto. Devemos lembrar que cada indivíduo pode apresentar maior ou menor facilidade para lidar com as perdas em sua vida. Além disso, existem inúmeras nuanças a serem observadas com relação à perda da visão, que influenciarão diretamente na absorção e na aceitação da nova condição. A fase em que ocorreu a perda, se na infância, na adolescência, na fase adulta ou mesmo na terceira idade; a forma em que se operou tal mudança, se através de uma manifestação progressiva, se por um acometimento mais rápido, ou mesmo como resultado de um acidente, é que desencadeará as diferentes reações.



Das Causas de Cegueira


São vários os fatores que podem causar a cegueira, cada um deles, com suas implicações psicológicas e emocionais. Aqui, apenas procuraremos destacar algumas das causas mais freqüentes.

1- Catarata: Opacificação do cristalino, que é uma espécie de lente situada atrás da pupila, através da qual passam os raios de luz para a retina. Nessa doença, a formação da imagem fica parcial ou totalmente prejudicada. Atualmente, modernos métodos cirúrgicos já estão sendo empregados, com grande possibilidade de êxito.

2- Diabetes: Essa doença, caracterizada pela Hiperglicemia, isto é, aumento irregular do nível de glicose no sangue, pode provocar a danificação dos vasos sangüíneos da retina, com conseqüências geralmente irreversíveis.

3- Descolamento de Retina: Ocorre quando a retina se desprende da coróide, camada responsável pelo envio dos nutrientes àquela. Sendo conseqüência, geralmente, de pancadas nos olhos, da perfuração da retina, ou da diabetes; havendo, no primeiro e no segundo casos, a infiltração do humor vítreo (líquido que preenche o globo ocular); e no terceiro, em virtude da fragilidade capilar, existente na pessoa portadora daquela doença, os vasos se rompem, provocando, com a hemorragia, o referido afastamento da retina. O tratamento é cirúrgico, e para que obtenha sucesso, deve ser realizado antes que a lesão atinja a mácula, região central da retina.

4- Glaucoma: Doença caracterizada pelo aumento exagerado da pressão intra-ocular, que provoca além de dores, em muitos casos, perdas irreversíveis da visão.

5- Retinopatias: Conjunto de patologias que acometem a retina, provocando a sua degeneração progressiva. Dentre elas, as mais comuns são a Retinose Pigmentar e a Retinopatia Senil.

6- Toxoplasmose: Doença transmitida através do contato com alguns animais, que pode levar a perda total ou parcial da visão. Manifesta-se tanto no homem quanto nos animais, e em certos casos pode ser fatal.

7- Causas acidentais: Por acidentes, em geral, em que se verifique a perfuração do globo ocular ou a exposição da córnea a agentes corrosivos, pode ocorrer a perda abrupta e irreversível da visão.

8- Cegueira congênita: Nos casos de má formação congênita do aparelho ocular, na fase fetal.

9- Hipoxia / Hiperoxia: Complicações que ocorrem em alguns casos de partos demasiadamente prematuros, nos quais, o bebê sobrevive, porém vindo a perder a visão em virtude da baixa oxigenação do cérebro (hipoxia), ou do excesso do oxigênio (hiperoxia), na hora do parto ou na U.T.I. neonatal, respectivamente, quando o aparelho ocular do recém-nascido ainda se encontra imaturo.



Ultrapassando Limites


Nos primórdios de nossa era, pessoas portadoras de deficiência visual mais grave, eram irremediavelmente deixadas à margem da sociedade, que por ser, desde então, tão competitiva e discriminatória, não admitia que aquelas pessoas tivessem condições de desenvolver quaisquer atividades produtivas. Foi somente no século XIX, com o advento do sistema Braille, primeira forma eficiente de escrita para pessoas portadoras de cegueira, criada pelo francês Louiz Braille, que estas começaram a ter acesso à informação, e assim, a galgar os primeiros degraus da Escada Social, na direção de sua emancipação. Desde então, seguiram-se o desenvolvimento de vários recursos que visavam possibilitar ao portador de cegueira ou de visão reduzida, seu aproveitamento como pessoas socialmente úteis, viabilizando um melhor desempenho das tarefas, segundo as diversas áreas de atuação, onde a visão era pré-requisito indispensável.



Dos Recursos


Devemos à genialidade de pessoas como Louiz Braille, criador do sistema Braille de escrita para pessoas portadoras de cegueira, o desenvolvimento de recursos que lentamente vieram permitir a emancipação e conseqüente ascensão sociocultural do portador de deficiência visual.

Nos dias de hoje, a pessoa portadora desse tipo de deficiência pode utilizar-se, entre outras coisas, de relógios, calculadoras eletrônicas, balanças, computador e internet, todos dotados de recursos táteis ou de sistemas de síntese vocal, disputando, quase em igualdade de condições com o vidente, num mercado profissional altamente especializado e competitivo.

Exemplificando, abaixo, segue sucinta relação de alguns desses recursos e ferramentas, seus usos e definições.

1- Braille: Consiste num sistema de escrita em alto relevo, criado pelo francês Louiz Braille, em meados do século XIX, através do qual a pessoa portadora de cegueira lê, usando o tato da ponta dos dedos.

2- Reglet: prancheta perfurada, na qual, se escreve em Braille, com o auxílio do Punção, objeto usado para produzir o relevo no papel.

3- Máquina Perkins: Máquina de datilografia em sistema Braille.

4- Imprensa Braille: Para a edição de textos, em grande escala, como livros, jornais e revistas. Sendo, o relevo, produzido por chapas de metal pré-moldadas, ou por grandes impressoras eletrônicas.

5- Bengala: Bastão longo, de madeira ou metálico, utilizado pela pessoa portadora de cegueira, para sua locomoção, que através de um movimento de varredura, identifica obstáculos geralmente um ou dois passos a sua frente.

6- Sorobã: Instrumento que possibilita a operação de cálculos matemáticos, desenvolvido a partir do Ábaco, de origem oriental.

7- Livros Gravados ou Falados: Recurso largamente difundido a partir da popularização dos gravadores portáteis, dos CD players e dos MP3 players, que viabiliza à pessoa portadora de cegueira, o acesso ao conteúdo de livros ou revistas, impressos originalmente em tinta e gravados por voluntários ou profissionais, denominados ledores.

8- CCTV: Equipamento eletrônico que possibilita ao portador de visão reduzida, ler textos ou visualizar figuras, impressos em tinta, através da ampliação e projeção destes em sua tela.

9- Lupas e Telelupas: Instrumentos de auxílio óptico usados para ampliação de imagem, para pessoas portadoras de visão reduzida. Se apresentam na forma de lentes manuais, óculos, monóculo, ou pequeno binóculo com hastes.



O Computador e a Pessoa Portadora de Deficiência Visual


Apesar de o computador já ter sido citado anteriormente como uma das ferramentas utilizadas pela pessoa portadora de deficiência visual, devido a sua grande relevância, faz-se necessário que enfoquemos o assunto mais detidamente, com o objetivo de situarmos o leitor diante da atual capacidade de integração que essa tecnologia cada vez mais vem proporcionando.

A pessoa portadora de deficiência visual não ficou de fora da revolução mundial da Informática. Foi por volta de 1970, que os primeiros indivíduos portadores de cegueira começaram a ser treinados e especializados para trabalharem com computadores de grande porte, no Brasil; com ótima aceitação por parte das empresas. Todavia, foi com o aparecimento dos micro computadores, que muitas das atividades antes impossíveis para a pessoa portadora de deficiência visual, por dependerem da visão, vieram a tornar-se parte do seu dia a dia, eis que o computador e seus periféricos (impressora e scanner) passaram a executar tarefas como imprimir textos em tinta e ou em Braille, escanear textos, passando-os de tinta para o Braille ou mesmo lendo-os através de um sintetizador de voz, possibilitando assim, maior intercâmbio de informação com a pessoa vidente e, como conseqüência, ampliando de maneira expressiva o campo profissional para este segmento, especialmente em se considerando a possibilidade de acesso ao universo de informações constantes na internet.

Foram desenvolvidos, nesse sentido, programas que através da referida síntese vocal, possibilitaram ao portador de deficiência visual, um quase total aproveitamento dos recursos dessa moderna tecnologia. A produção desses programas teve seu início nos EUA e na Europa; contudo, no Brasil, é que foi criado um dos melhores programas do gênero, tendo ainda a vantagem do baixo custo e de ter sido desenvolvido especialmente para atender às necessidades da pessoa com deficiência visual, o DOSVOX. Hoje, existem também, outros programas, que cada vez mais se popularizam, como por exemplo, o Virtual Vision e o Jaws, que exercem a função de ledores de telas do Microsoft Windows, tendo sido, o primeiro, também desenvolvido no Brasil.



O projeto DOSVOX


O Sistema Operacional Dosvox foi desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica - NCE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

Idealizado pelo Professor José Antônio Borges, o projeto conta hoje com uma capacitada equipe de programadores.

O Dosvox é um sistema de aplicativos, um conjunto de programas criado tendo em vista as necessidades da pessoa com deficiência visual. A sua vantagem é que ele propicia grande parte dos recursos existentes nos sistemas convencionais, porém, com esse diferencial: desde o início da sua construção, objetivou-se criar no computador, um ambiente que fosse amigável para a pessoa com deficiência visual.

Por sua excelência e acessibilidade, O Dosvox se difundiu largamente, vindo a possuir, hoje em dia, inúmeros usuários, inclusive em vários outros países.



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