Desenho de um saxofone Instrumental & Tal - Artigos sobre deficiência - Chumbadicas



CUIDADO COM AS ESCARAS


Freqüentamos há pouco o Congresso da Rehabilitation International que se realizou no Rio de Janeiro no mês de agosto. Não pude acompanhá-lo todo, mas gostei do que vi. E foi muito bom rever os amigos e bater longos papos nos corredores do Rio Centro. Fiquei feliz pelos elogios feitos à nossa coluna por chumbados de vários partes do Brasil. Algumas sugestões foram feitas e me permito atender a uma amiga mineira, Kátia, para quem o tempo parece não passar, que me pediu para escrever sobre escaras.

Um dos grandes problemas do lesado medular é lidar com a perda da sensibilidade. Além das repercussões para o lado do aparelho urinário, digestivo e da disfunção sexual, a sensibilidade é um mecanismo de defesa do nosso organismo. Por isto, até entendermos que a parte do corpo paralisado e insensível nos pertence pode levar algum tempo. Relatos de paraplégicos que colocaram panela quente no colo ou esqueceram os pés debaixo de água quente são inúmeros. Portanto, todo o cuidado é pouco com a nossa pele. Não esquecer que a pele é o nosso maior órgão e está na primeira linha na defesa do corpo humano.

As escaras nada mais são do que feridas. Elas surgem principalmente devido a compressão prolongada, são as chamadas úlceras de decúbito, pois geralmente aparecem quando o lesado medular está acamado. Aparecem onde existem proximidade com as iminências ósseas e são resultados da falta de irrigação pela compressão dos vasos desta região. O tecido precisa de oxigênio para sobreviver; o oxigênio é levado para os tecidos pelo sangue; o sangue circula pelos vasos; se você comprime o vaso por muito tempo, o sangue não chega ao local e as células não recebem oxigênio, morrem e surgem as feridas (escaras). Os locais mais freqüentes são aqueles onde os ossos são mais proeminentes: região sacra (acima da bunda) e calcanhares e aparece quando o paraplégico fica deitado de costas; nos trocânteres surge quando o paraplégico deita de lado e nos ísquios (bunda) aparece quando fica sentado por muito tempo. As escaras ainda podem surgir pelo atrito ou como resultado de queimaduras.

Se você tiver que ficar acamado por um tempo mais prolongado é fundamental que você mude de posição de 2/2 horas ou lance mão de um colchão especial que faça a descompressão. Os colchões de água que ajudam a evitar o aparecimento de escaras possuem dois inconvenientes: são muito frios (melhora se você forrar com cobertores) e lhe tiram o equilíbrio.

As escaras mais freqüentes surgem pela posição sentada. Quando você fica muito tempo acamado e começa a usar a cadeira de rodas, a sensação de liberdade, a autonomia adquirida faz você esquecer do tempo que está sentado. Então quando você sentar não esqueça: 1) levantar o corpo pelo menos de hora em hora por 1 minuto apoiando-se nos braços ou nos pneus (se sua cadeira não tem braço); se você for tetraplégico e tiver dificuldades de fazer esta manobra jogue o corpo para frente e para os lados, que isto ajudará na descompressão; 2) escolha uma almofada adequada. Infelizmente as melhores ainda são as importadas. Embora, hoje se consiga com facilidade através dos representantes aqui mesmo no Brasil, elas são caras. Recomendaria duas: Roho e Jay. A primeira é feita de gomos de borracha e inflada com ar e a segunda tem como base um gel. Ambas tem a mesma finalidade, a de evitar a compressão excessiva. A almofada de água, muito mais barata, tem os mesmos problemas do colchão além de provocar espasticidade nos pacientes suscetíveis. Existem soluções artesanais interessantes, como a almofada de papelão desenvolvida pelo Setor de Vida Independente do CVI-Rio; 3) cuidado com as transferências: cadeira de banho, vaso, cadeira de cinema, etc. Quando você sai de sua almofada os cuidados devem ser dobrados. Para o vaso o ideal é uma tábua forrada com espuma. Para a cadeira de banho existem pequenas almofadas de borracha que vão protegê-lo principalmente do atrito. No cinema, no avião ou qualquer outra cadeira que não seja a sua tire a pressão (levantando o corpo) com maior freqüência do que você fazia na cadeira de rodas.

As pessoas com sensibilidade normal não ficam na mesma posição durante muito tempo porque o mecanismo da dor faz com que elas procurem a mudança de posição. Os lesados medulares como não possuem sensibilidade (os de lesão completa) não possuem este "alarme" e permanecendo na mesma posição por muito tempo acabam fazendo escaras. Existem, entretanto, dois mecanismos de "alarme" que podem avisá-lo de que alguma coisa esta errada: o aumento da espasticidade e suor na zona insensível. Pode ser muita coisa: bexiga ou intestino cheios, unha encravada, camisinha muito apertada e inclusive muito tempo na mesma posição.

O melhor tratamento para as escaras e tentar não tê-las. Portanto vamos evitá-las. Já que você não sente parte do seu corpo, procure olhá-lo todo o dia com um espelho de mão. Procure por mudanças de coloração da pele. Quando fica mais escura, pode ser o prenúncio de uma escara. Suspenda os seus compromissos e faça repouso. Se você perceber algum sangramento na calcinha ou na cueca, cheque sua bunda. Pequenas escoriações podem ser resolvidas com poucos dias de repouso. Se você desenvolver uma escara procure um médico. Uma avaliação criteriosa será importante para saber se a conduta é cirúrgica ou não. Cuidado com os curiosos e com as soluções caseiras. Não esqueça que uma ferida na pele e principalmente as mais profundas possibilitam a entrada de germes em locais de difícil tratamento, no osso por exemplo causando osteomielite e podem disseminar (septicemia) provocando seríssimos riscos para a sua saúde.

José Carlos Morais (Médico e Professor da UFRJ)



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