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AULA 1 – GRAMÁTICA

Questões gramaticais

Os 5 parâmetros fonológicos da Libras:

  • Configuração de mãos (CM)
  • Orientação (Or)
  • Ponto de articulação (PA)
  • Movimento (M)
  • Expressão não manual (ENM)
  • 1. Configuração de mãos.

    As mãos tomam as diversas formas na realização de sinais (BRITO, 1995). Assim, entendemos as configurações de mão como as possíveis formas da mãos durante a produção de sinais. Essas formas podem ser realizadas pela mão direita para os destros e esquerda para os canhotos.

    Configuração de mãos

    Com a mesma Configuração de Mão podemos sinalizar diversos sinais, por exemplo, os sinais POR FAVOR e COM LICENÇA. A diferença entre esses sinais esta na expressão facial utilizada, ou seja, a diferença esta no parâmetro Expressão Não Manual.

    POR FAVOR

    COM LICENÇA


    2. Ponto de articulação (PA) ou Localização (L)

    Esse parâmetro é entendido como o espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio corpo, onde os sinais são articulados. Esses sinais articulados no espaço são de dois tipos, os que articulam no espaço neutro (diante do corpo) e os que se aproximam de uma determinada região do corpo, como a cabeça, a cintura e os ombros (BRITO, 1995). Por exemplo, o sinal OUVINTE é feito próximo ao ouvindo. Já o sinal NOITE é feito longe do corpo, isto é, em um espaço neutro.

    OUVINTE


    BOA NOITE


    3. Orientação (Or).

    A Orientação é a direção da palma da mão durante o sinal. A palma da mão pode estar voltada para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a esquerda ou para a direita. É possível que haja mudança na orientação durante a execução do movimento (BRITO, 1995). Por exemplo, o sinal TCHAU é feito com a palma da mão virada para o destinatário da mensagem. Já a expressão MEU NOME, quando utilizado para o seu próprio nome, pode ter a palma da mão virada para o emissor da mensagem.

    MEU NOME

    TCHAU


    4. Movimento (M)

    Esse é um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo sinal (BRITO, 1995). Dessa forma, alguns sinais podem ter ou não movimento. Por exemplo, para sinalizar a letra C não há movimento, mas para a letra Ç há movimento.

    C

    Ç


    5. Expressão Não Manual (ENM) ou Expressão facial/corporal.

    Diversos sinais têm como elemento diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, traduzindo sentimentos e dando mais sentido ao enunciado e em muitos casos determina o significado do sinal (SILVA, p. 55, 2002). As ENM também podem expressar diferenças entre sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e negativas, conforme veremos em futuras aulas. Por exemplo, a diferença entre POR FAVOR e COM LICENÇA está na expressão não manual (ENM), isto é, em COM LICENÇA há uma expressão facial neutra, enquanto que em POR FAVOR há uma expressão facial indicando um pedido.

    POR FAVOR

    COM LICENÇA

    Curiosidade: como falar de questões fonológicas em uma língua visual e espacial? Para definir o sinal, Stokoe (1960), considerado como o fundador da linguística da Língua de Sinais Americana (ARMSTRONG, 2000), propôs uma primeira descrição estrutural da formação dos sinais, diferenciando sinal de gesto. Ele definiu gesto como movimento comunicativo não analisável linguisticamente, enquanto sinal designaria a menor unidade da língua de sinais com significado (ou seja, signo). Descrever critérios fonológicos em uma língua de sinal que não possui som foi uma questão discutida por linguistas. Willian Stokoe propôs o termo “quirologia” (do grego mão), para marcar a diferença entre o sistema linguístico da língua oral e da língua visual-espacial. Entretanto, na edição posterior de sua obra (1978), os termos “fonema” e “fonologia” foram utilizados para a produção linguística visual-espacial. Apesar das diferenças de percepção e de produção entre línguas orais e línguas de sinais, o termo fonologia tem sido empregado para se referir aos elementos básicos das línguas de sinais, que, diferente das línguas orais, são produzidos pelas mãos. Stokoe (1960) decompôs os sinais em três aspectos principais ou parâmetros que não disponibilizam significados de forma isolada: Configuração de Mão (CM), Locação da mão (L) e Movimento da mão (M). Posteriormente a Stokoe, Battison, em 1974, sugeriu a adição de informações referentes à Orientação de mão (Or) e aos aspectos não manuais (ENM) – expressões faciais e corporais – para analisar as unidades formadoras dos sinais (QUADROS; KARNOPP, 2004).

    Referências: ARMSTRONG, David F. William C. Stokoe, Jr: Founder of Sign Language Linguistics - 1919-2000. Washington DC: Gallaudet University, 2000. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2017. BRASIL. Lei (2002). Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Lei n° 10.436, 24 de abril de 2002, Brasília, DF. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995. QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. SILVA, Fábio I.; SCHMITT, Deonísio; BASSO, Idavania M. S. Língua Brasileira de Sinais: pedagogia para surdos. Caderno Pedagógico I. Florianópolis : UDESC/CEAD, 2002. STOKOE, Willian. C. Sing language structure. Silver Spring: Linstok Press. [1960] 1978.


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