Sabor do Saber - João Figueiredo - O Celibatarismo como norma.
  Há muito que a exigência do celibato para religiosos da Igreja Católica vem sendo alvo de críticas. Há quem veja nessa exigência uma estratégia para livrar a instituição religiosa das obrigações trabalhistas: padres, freiras e freis com famílias dependeriam de meios para sustentar seus dependentes, com salários, férias, 13° salário, fundo de garantia, assistência médica e previdenciária, etc. Este, obviamente, poderia até ser um motivo para se manter essa prática, porém, certamente existem muitos outros que a ele se somam. O fator cultural, a tradição do celibato, certamente se sobressai como um dos mais fortes. Mas, e a sexualidade, algo que é próprio da natureza do ser humano, como fica nessa questão? Sabe-se que ela é sublimada pelos rituais e pela fé cotidianamente alimentada, mas até onde essa sublimação é possível e até que ponto é saudável?  Cabe ressaltar, entretanto, que nem todas as correntes católicas são celibatárias. O Catolicismo Brasileiro permite o casamento dos sacerdotes; a Igreja Ortodoxa permite que o indivíduo casado se forme padre (embora não permita ao padre que se ordenou solteiro venha a se casar depois); a Igreja Anglicana não só permite que os sacerdotes se casem como já aceita mulheres compondo o clero – nenhuma dessas correntes reconhecem a autoridade papal.  Os homens sujeitos ao celibatarismo por imposição da igreja são considerados “eunucos espirituais”. Esses religiosos, segundo afirmam e, obviamente, crêem, são “casados” com Deus. Contudo, são conhecidos casos de “prevaricação” de muitos deles. Os relacionamentos íntimos clandestinos são muito praticados por religiosos – ressalvadas as exceções – que, na maioria das vezes, são pessoas extremamente dedicadas ao seu ofício, mas que apenas não conseguem se reprimir sexualmente tal qual a doutrina tentar impor. Esses comportamentos demonstram que o celibatarismo como norma imposta é uma agressão à natureza animal, ao instinto de procriação do ser humano.    Em outras épocas talvez fosse um pouco mais fácil aos religiosos se reprimirem sexualmente – muito embora a história mostra que sempre existiu descumprimento dessas normas e até mesmo revelações de perversões sexuais por parte de integrantes do clero, como ainda ocorre. A sociedade então não era tão erotizada quanto hoje, porque não havia meios de comunicação de massa instigando a libido o tempo todo como existe atualmente para atender aos interesses capitalistas.  Hoje, insistir na manutenção do celibatarismo como imposição sistemática é uma incoerência – deveria ser opcional, afinal, um sacerdote é um ser humano como qualquer outro e com as mesmas necessidades. Essa prática terá que ser repensada: é só uma questão de tempo!
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