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       BREVE BIOGRAFIA DA AUTORA DESTA PÁGINA:





       Meu nome é Cláudia Maria Lazzarini, nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais, aos 24 de setembro de 1974, e sou totalmente cega, desde o momento do meu nascimento, vítima de uma degeneração retiniana, o que, a princípio, foi um grande choque para meus pais, pois não tem mais ninguem com deficiência visual em minha família. Posteriormente, recebi de outro médico, diagnóstico diverso da causa de minha deficiência, qual seja, retinose pigmentar congênita.


       Com o tempo, o trauma inicial foi superado de forma explêndida por minha mãe, Vera, e meu pai, Geraldo, hoje, já falecido, o que me possibilitou ter uma infância normal, época em que eu fui muito feliz, ao lado de meus pais e de minha irmã mais nova cinco anos que eu, Flávia, brincando com a terra em meu sítio e com os animais.


       Aos sete anos, ingressei em minha vida escolar, numa escola municipal daqui, chamada Escola Municipal Cosette de Alencar, na qual, cursei até a quarta série do ensino fundamental, sendo que fiz da primeira à terceira séries em sala especial, somente destinada aos deficientes visuais, e, na quarta série, fui a primeira criança cega juizforana a ser integrada em sala regular, isso quando eu tinha apenas dez anos.


       Em 1986, com onze anos de idade, fui cursar a quinta série do ensino fundamental, no Colégio São José, escola integrante do Instituto Vianna Júnior, um colégio particular de minha cidade, próximo à minha residência, no qual, permaneci estudando até 1991, ano em que completei a segunda série do ensino médio, sempre em sala regular.


       Nessa época, as minhas provas eram todas feitas com a ajuda de ledores, na maioria das vezes, minha mãe era quem lia para mim, e é por esta razão, que eu sempre digo, sem titubear, que ela acompanhou minha trajetória escolar todinha, tão de perto, que se formou comigo, e sei, que, se não contasse com a ajuda dela, talvez não tivesse galgado os degraus que galguei com tanta facilidade.


       Já em 1992, cursei a terceira série do segundo grau, no Colégio e Curso Opção Vestibulares, onde fiz o terceiro ano científico integrado para prestar o vestibular, período em que contei também com a preciosa ajuda da minha mãe para estudar minhas apostilas de cursinho, assim como estudava com minhas colegas de sala, que liam para mim as matérias, a fim de que eu memorizasse o conteúdo das disciplinas e pudesse realizar boas provas no vestibular.


       Cursei também, quatro anos de curso de inglês, de 1989 a 1992, utilizando-me de livros em braille, que, aliás, até hoje, são raríssimos e me formei no grau intermediário do referido idioma, com conseito A. Em 1992, fiz também um ano de curso de espanhol. O curso de inglês, fiz na Cultura Inglesa de Juiz de Fora, e o de espanhol, no Opção, juntamente com o terceiro ano do ensino médio.


       Prestei, no final do ano de 1992, o vestibular de direito na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde passei para o primeiro semestre, e prestei o exame também na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Vianna Júnior, onde fui aprovada em décimo lugar e na qual cursei minha faculdade de direito, me formando em 16 de janeiro de 1998, sendo que, na faculdade, contei sempre com a preciosa ajuda da minha mãe e com o auxílio de meus amigos para realizar a leitura dos livros e processos e também das provas que eram lidas pela minha mãe ou pelos próprios professores da faculdade, os quais, me aplicavam sempre provas orais, ao passo que meus colegas faziam as mesmas provas, só que de forma escrita.


       Estagiei no Escritório-Escola da faculdade, onde tive contato com o direito civil e de família, na maior parte dos casos que apareciam por lá, e, quando cursava o quinto ano de meu curso jurídico, fiz uma prova dificílima e fui estagiar no Procon daqui, tendo contato com o direito do consumidor, que, aliás, não era ensinado na faculdade na época, especialidade jurídica com a qual me identifiquei de imediato. Iniciava, naquele momento, minha paixão incondicional pelo direito do consumidor, a qual, permanece intacta até hoje, e, com o passar do tempo, a vontade mde militar neste lindo ramo jurídico só faz aumentar e se consolidar.


       Quando me formei, trabalhei no Departamento de Promoção da Pessoa Portadora de Deficiência da Prefeitura de Juiz de Fora, utilizando-me, como instrumento de trabalho, da legislação pertinente aos portadores de necessidades especiais, auxiliando na concessão de benefícios sociais aos deficientes e envolvendo-me com a questão da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, quer nas empresas privadas, quer através de concursos públicos.


       Desde primeiro de junho de 2001, até a presente data, trabalho no Procon, como advogada conciliadora e cursei pós-graduação em direito do consumidor, na Faculdade Estácio de Sá, aqui em Juiz de Fora, e sou muito respeitada por meus colegas de trabalho, e, também, por todos os que procuram o Procon como consumidores e ou fornecedores, assim como por meus eis professores e eis colegas de sala no meu curso de pós, o que é uma coisa muito boa para uma advogada cega e praticamente recem-formada. Isso demonstra que, aos pouquinhos, a sociedade está mudando e se conscientizando de nossa enorme potencialidade, no que tange ao trabalho e à vida em si.


   Há alguns anos, sou candidata a usuária de cão-guia, pelo Integra, que é a única escola que treina estes cães para guiarem cegos no Brasil, situada em Brasília, e pretendo, ainda neste ano de 2009, realizar meu grande sonho de ser guiada por um anjo de quatro patas como este. Este é um dos meus maiores projetos para o futuro próximo, o qual, farei questão de realizar.


       Considero-me uma pessoa feliz e realizada, tanto pessoal, quanto profissionalmente, e tenho vários sonhos e projetos para o futuro, seja próximo, seja distante, e quero, através destas breves palavras, encorajar a todos os que estiverem lendo esta página a nunca desanimarem e nunca perderem de vista seus ideais de vida, posto que todos nós somos capazes de inúmeras realizações, basta que digamos "eu quero" e tudo na vida se torna possível de ocorrer, visto que, como diz a famosa música "vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer".


       Sonhem, e, posteriormente, realizem aquilo que foi sonhado!



-- ** CLÁUDIA MARIA LAZZARINI. --


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