Caso a música esteja alta, aperte (esc) que ela para!
se estiver a conversar com um cego sobre o
sistema Braille, o mais certo é começar a ouvi-lo utilizar
frequentemente duas expressões: ler a negro e ler a branco.
Provavelmente nunca tinha ouvido tal coisa mas é impossível
não reconhecer a fantástica simplicidade com que assim se
distingue a escrita "normal", a tinta, e a escrita
Braille, um sistema de pontos salientes marcados, quase sempre a
branco.
Há mais de 150 anos que o "Braille" é o meio usado
por excelência pelos cegos para a leitura e escrita.
"Ler com os dedos" tornou-se tão vulgar para os cegos
que, hoje em dia, não se pode pensar em qualquer programa de
reabilitação que não passe pela aprendizagem do Braille.
É interessante notar que mesmo com o advento das novas
tecnologias e o consequente aparecimento de formas de acesso
alternativas, o Braille continua a ser o melhor meio de tomar
contacto com a escrita.
Com a popularidade nos anos sessenta e setenta dos sistemas
áudio, que encontraram nas cassetes um meio fácil e económico
de produção de informação, começou a haver a tendência para
o abandono do Braille. No entanto com o desenvolvimento das novas
tecnologias, da electrónica e da informática nas décadas
seguintes houve um incremento significativo do Braille.
Isto foi devido ao aparecimento dos computadores, das impressoras
e linhas Braille, bem como programas de transcrição da grafia
normal para a grafia Braille.
Para muitos cegos nada substitui o prazer de ler um livro, de
tocar os pontos com os dedos ou sentir a textura do papel.
Luís Braille devia ter pouco mais de quinze anos quando inventou
o seu código de escrita. O jovem francês, nascido em 1809
próximo de Paris, tinha cegado aos três anos de idade, após um
acidente, mas não desistiu de tentar aprender. Uma bolsa de
estudo permitiu-lhe ingressar, em 1819, no Instituto para Jovens
Cegos, em Paris, onde se ensinava a ler através da impressão de
textos em papel muito forte, que permitia dar relevo às letras.
O sistema não era perfeito, mas possibilitava a leitura. O pior
era o momento de escrever era impossível. Braille interessou-se
então por um sistema de escrita inventado pelo capitão Charles
Barbier de La Serre - que cegara na Palestina - para
transmissões nocturnas em campanha, também baseado em pontos em
relevo, e melhorou-o.
Em 1829, publicou o primeiro manual onde o novo código que
haveria de ficar para sempre com o seu nome aparecia
sistematizado, mas existem alguns documentos que provam que o
jovem Louis já utilizava este alfabeto há pelo menos cinco
anos. Nesta sua primeira versão do alfabeto Braille, o sistema
estava praticamente definido - seis pontos em duas filas
verticais de três pontos cada, num
total de 63 sinais - mas havia algumas combinações com traços
que desapareceram oito anos depois, quando publicou a segunda
versão da obra.
Este alfabeto, de 1837, permaneceu praticamente inalterado até
hoje.
L. Braille morreu em 1852 mas deixou um legado imprescindível
para a população cega mundial. A sua vida e a sua obra podem
ainda hoje ser descobertos no museu francês com o seu nome,
onde, entre outros documentos, se encontram alguns dos primeiros
textos escritos no novo alfabeto, na sua adolescência.
Se deseja ficar a conhecer melhor este homem que, com a sua escrita, mudou o mundo dos cegos, leia a
O Braille é constituído por seis pontos dispostos em dois
grupos verticais de três pontos cada. Este conjunto de pontos
constitui um caracter. Por exemplo, o "E" com acento
agudo é formado pelos seis pontos enquanto o "A" é
formado apenas pelo ponto um, ou seja, o primeiro ponto do topo
esquerdo do grupo de seis pontos.
Estes pontos são saliências no papel com um espaço entre eles
muito reduzido, para que cada caracter ocupe o menor espaço
possível, mas suficientemente afastados para serem facilmente
percebidos.
Com apenas estes seis pontos é possível representar todo o
alfabeto, distinguindo letras acentuadas, números, pontuação e
todo o tipo de caracteres especiais, como os que são usados em
matemática, física, música, etc. Isto é conseguido fazendo
preceder o caracter especificado por um outro que lhe atribui o
símbolo desejado.
Por exemplo, os números são representados pelas letras do
alfabeto de "A" a "J" sendo que a letra
"A" representa o número "1" e a letra
"J" o número "0". Mas como distinguir um
"A" de um "1"?
Colocando antes da letra um sinal que, neste caso é o sinal de
cardinal "#".
Para saber mais leia
A INVENÇÃO DO SISTEMA BRAILLE E A SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA DOS CEGOS e fique a saber mais sobre este autêntico "ovo de Colombo"! DO BRAILLE À BRAILLOLOGIA, necessidade de formação Braillológica - A formação em Braille é muito importante já que continua a ser a única forma de contacto com a escrita.
A figura seguinte mostra o alfabeto Braille, ela apresenta as diversas letras e símbolos a negro e o seu correspondente em Braille. Desta forma uma pessoa normovisual pode ter acesso a textos escritos em Braille, isto é importante se conhecer algum amigo ou familiar cego que necessite de lhe escrever, de lhe deixar um recado.