Última Chance: Capítulo 2. Dois dias depois após a cirurgia, o doutor já tinha o resultado dos exames, e ficou comprovado que o tumor era maligno e que não existia cura, ele disse a minha tia, que pelo que tinha visto e em razão da cirurgia complicada, os desmaios e as crises de dores iriam aumentar, e eu não teria mais que um ano de vida. A minha tia não teve outra solução ao não ser me dizer toda a verdade, eu sabia que toda aquela coisa que eu tinha passado seria em vão, afinal se eu morreria de qualquer jeito, eu não precisava ter sido afastada da escola, não precisava ter perdido meu cabelo e nem nada disso. Eu deveria começar um tratamento químico para tentar amenizar o problema, e talvez passar por outra cirurgia para a remoção do tumor, pois ele poderia me matar logo, no entanto mesmo que ele fosse removido outro nasceria e este sofrimento nunca teria fim. Disposta a não fazer nem um tipo de tratamento e com uma peruca para disfarçar o desastre que estava em minha cabeça, eu retornei para a escola e passei a ignorar o Roberto. Naquele dia de retorno, eu me lembro que algo aconteceu e que mudaria a minha vida para sempre. Ao abrir uma revista na sala de aula para um trabalho, eu vi um rosto que me chamou a atenção. Era um garoto que tinha a minha idade, e que também como eu tinha problemas, e embora ele não fosse morrer, ele lutava diariamente para superar obstáculos e vencer desafios. Aquilo me encantou de tal forma, que eu disse para a Cecília que eu rodaria o mundo mas conheceria aquele lindo rosto pessoalmente, mesmo que fosse a última coisa que eu pudesse fazer. Pelo nome dele, conseguimos o encontrar em um site de relacionamentos, e passei a me comunicar com ele, logo trocamos telefones, e então passei a querer o conhecer pessoalmente pois quando falava com ele, eu tinha uma paz tão grande, ele até parecia um anjo, e de fato era um anjo mesmo, o meu anjo, que estaria me despertando para a vida outra vez, quem me faria fazer tudo, para não desperdiçar minha última chance de viver e ser feliz. Logo morando na mesma cidade, eu consegui marcar um encontro com ele, e no dia certo eu e minha prima Cecília sempre juntas, fomos até o shopping da cidade onde iríamos o encontrar. Meu celular tocou e eu atendi, olhei para o lado e vi ele com o celular nas mãos, me aproximei e ele desligou a ligação, nos abraçamos tão forte, que eu senti como se todas as minhas dores fossem embora, e tudo que eu queria naquele momento era não sair de perto dele nunca mais. Passamos o melhor dia da minha vida juntos naquele shopping, e depois fomos até uma pizzaria onde jantamos pizza juntos. Depois cada um foi para a sua casa, mas a medida que o tempo passava, eu e o Lucas ficávamos mais ligados. Tudo era perfeito e logo eu me senti a vontade para contar para ele sobre meu relacionamento com o Roberto, depois quando nos vimos pessoalmente, ele me abraçou e me disse que eu tinha que o contar mais alguma coisa, ele foi com jeitinho até me fazer o dizer o que eu tinha e nós choramos juntos. Ele me disse que tinha certeza que eu ficaria bem, que tudo daria certo e ele disse que me ensinaria a viver de uma forma, que cada chance de felicidade que eu tivesse, eu agarraria porque mesmo que não fosse, eu olharia para ela agora como a última. Eu e o Lucas passamos a nos ver todos os dias depois da escola, ficávamos pela tarde juntos, e embora ele tivesse inúmeros problemas em sua casa, ele sempre deixava tudo de lado para ficar comigo e eu amava isto, o carinho que ele dedicava para mim, ninguém no mundo havia dedicado antes, e isto me fazia o amar a cada segundo mais. Eu e o Lucas, passamos a nos ver também nos fins de semana, e ele me dizia sempre que amava ficar perto de mim, sempre muito amável, ele me elogiava, dizia que eu era linda, vendo meu cabelo crescer novamente ele dizia que ele chegaria a ficar igual antes, fazia de tudo para me agradar e me dava inúmeros presentes. No primeiro aniversário que passamos juntos, em que eu completava 16 anos, o Lucas me trouxe um anel de ouro lindo com o nosso nome gravado. Ele dizia que era para que nunca nos esquecêssemos o quanto um era importante para o outro, e ele dizia também, que a vida dele dependia da minha para existir. Ficamos cada dia mais juntos e embora depressiva e problemática e com uma doença incurável, o Lucas ia me fazendo esquecer de tudo e curtir a vida. Passamos a irmos para as baladas juntos, ele ia me buscar todos os dias na escola, ficava mais comigo do que em casa, mais na minha casa do que na dele. Eu passei mal e fui para o hospital me internar novamente e o Lucas, foi junto comigo, não me deixou um só instante mesmo quando ia em casa comer e tomar banho, ele dizia que seu coração estaria comigo. O Lucas chegou no hospital, e me disse que tinha encontrado algo de bom para mim, ao conhecer o doutor Cléber ele disse que não tinha gostado dele, mas que tinha encontrado em outra cidade uma vizinha a que morávamos, uma neurologista especialista em tumores, graduada com cursos dos Estados Unidos, e que sempre estava indo até lá, trazendo recursos inovadores que substituiriam a quimioterapia e qualquer outro tipo de terapia química prejudicial. Ele já até tinha marcado uma consulta, mas como eu estava internada, a doutora Patrícia foi até mim no hospital. Ela me examinou e brincou muito comigo, me disse que esses médicos não sabiam de nada, e que eu voltaria a viver outra vez. Nas palavras dela aliadas as do Lucas, eu passei a acreditar que eu tivesse sim uma última chance para viver, e eu decidi agarrar ela com unhas e dentes, fiquei disposta a qualquer coisa para me curar, naquela altura tudo que eu mais queria, era passar o resto da minha vida do lado do Lucas. Quando sai do hospital o Lucas que sempre me chamava de Princesa, me esperava em casa, me pegou no colo, e fez a maior festa, eu nunca me senti tão feliz. Como sempre eu estava usando o anel que ele me deu, e ele olhou fixamente para os meus olhos e fez o que eu esperei um ano e 6 meses para acontecer, um lindo beijo de amor. Continua