Neurologia: Mistérios do cérebro: Enxaqueca: O mal que afeta à 25% da população brasileira: Helen Patrícia. Colaboração Para Onnekalel RG. Kalel Airis. Da redação Cerca de 25% da população brasileira sofre com dor de cabeça frequente, provocada por enxaqueca. Muitas dessas pessoas tomam remédios sem consultar o médico e dizem que tem enxaqueca, sem se quer conhecer o que realmente é este problema. O fato é que essas 25% de pessoas, realmente possuem a doença. Em alguns casos tratamentos são feitos, mas na sua grande maioria a população só procura auxílio médico no momento da crise e depois passam a ter uma vida normal quando precisam realizar um tratamento adequado. A enxaqueca não é só uma dor de cabeça, mas uma série de sintomas, entre os quais, a dor. Durante uma crise de enxaqueca, que pode durar entre 3 horas e 3 dias, o indivíduo pode apresentar náuseas, vômitos, aversão à claridade, ao barulho, aos cheiros, visão embaçada, irritabilidade, falta de concentração, tonturas como se fosse labirintite, obstrução nasal, tensão nos músculos da nuca e dos ombros, e até diarréia. Um indivíduo não precisa ter todos esses sintomas para ser diagnosticado como apresentando enxaqueca, porém alguns deles, como as náuseas e a aversão à claridade barulho são tão comuns que chegam a ser quase obrigatórios para o diagnóstico. A dor pode ser em qualquer lugar da cabeça, e isso pode originar muita confusão com outras doenças. Por exemplo, dores na face são freqüentemente confundidas com sinusite, e às vezes tratadas erradamente como tal, durante anos, sem bons resultados, A dor possui intensidade muito variável, podendo ser desde incapacitante até muito leve. Na verdade, existem casos de crises de enxaqueca sem nenhuma dor de cabeça! Nesses casos, a pessoa pode apresentar crises de 3 horas a 3 dias, manifestando alguns dos demais sintomas da enxaqueca. Um deles, em particular, ocorre em 10 a 15 em cada 100 enxaquecosos (nome dado aos portadores de enxaqueca), e recebe o nome de aura de enxaqueca. Aura, nesse caso, é no sentido de premonição. O indivíduo começa, de repente, a apresentar alucinações visuais: ele vê luzinhas, estrelinhas, vagalumes piscando no seu campo visual, ou então enxerga linhas em zigue-zague, tremeluzentes, que vão aumentando em tamanho e atrapalhando a visão, ou uma perda progressiva da visão, bastante peculiar, no sentido que a pessoa passa a enxergar apenas uma parte dos objetos. Ao olhar para um rosto, ela pode enxergar apenas meio rosto, e assim por diante. Os objetos podem dar a impressão de aumentar ou diminuir de tamanho, e nesse caso a pessoa pode esbarrar nas portas. A sensibilidade pode se alterar, com formigamentos na metade da lingua, lábios, um dos membros superiores ou inferiores. A fala pode ficar "pastosa", a pessoa pode não se lembrar das palavras mais comuns. Todos esses fenômeno de aura dura entre 20 minutos e uma hora, após o que, ela vai regredindo. Assim que a aura passa, a dor de cabeça, tipicamente, começa. Daí o termo aura, premonição. Acontece que algumas pessoas podem ter episódios apenas de aura, sem a dor de cabeça, daí a enxaqueca sem dor de cabeça. A desinformação reinante sobre o assunto deve ter sido responsável por muitas mortes e acidentes no trânsito. A freqüência da enxaqueca varia de indivíduo para indivíduo. Alguns casos são mensais, outros anuais, e outros ainda, 2, 4 vezes por semana, e até todos os dias! Um dos maiores problemas da enxaqueca é que ela pode ser desencadeada por uma série de "gatilhos", tornando a pessoa tanto mais vulnerável a saídas da rotina, quanto mais agravada estiver a sua doença. A enxaqueca é mais comum em mulheres do que em Homens, em razão das mulheres possuírem mais hormônios e com isto terem mais chances de ter a doença. Existem casos frequentes, em que as enxaquecas estão relacionadas ao período menstrual na mulher, daí surgem as enxaquecas menstruais. As enxaquecas também podem ser desenvolvida de acordo com a rotina do paciente, uma vez que é hereditária, se o paciente tem alguém na família que possue a doença, e possue uma rotina muito estressante, ele pode mais cedo ou mais tarde, desencadear a doença. Contudo, somente o neurologista está apto a fazer o diagnóstico da enxaqueca, através de uma analise do histórico do paciente. Geralmente a enxaqueca não aparece em exames, por não estar presente afetando de forma direta nem uma parte cerebral, e por isto seu diagnóstico é mais fácil de realizar. No entanto, não é porque você tem enxaqueca que seu filho se tiver uma dor de cabeça ele também tem, antes de o medicar erradamente, um neurologista experiente deve ser consultado e daí sair um tratamento. Para as enxaquecas, os tratamentos mais eficazes são a base de psicoterapia, para que o paciente descarregue um pouco de seus estresses diários. Quando há crise, o paciente então faz o tratamento a base de remédios, mas a psicoterapia, auxilia na hora de evitar essas crises, e de diminuir suas intensidades. Para aqueles pacientes que não se submetem a terapia, outras medidas como tratamentos por remédios bloqueadores de neurônios, ante depressivos, e relaxantes cerebrais ou musculares, também podem ser indicado. Existem analgésicos específico para tratar enxaqueca, então não vá pensando você que pode tomar qualquer tipo destes, pois uma enxaqueca mal tratada, pode ocasionar problemas piores a longo prazo, e uma vez tratada de forma errada, quando for tentar tratar com o medicamento certo, este já não fará efeito, pois o cérebro recusará o mesmo. Colaborou Salete Letermann. Neurocirurgiã psicoterapeuta especialista em oncologia.