Neurologia: Mistérios Cerebrais: AVC: O enfarto cerebral: Helen Patrícia. Colaboração para Onnekalel RG. Kalel Airis. Da redação De um modo geral, quando dizemos que alguém sofreu um enfarto, a primeira coisa que se vem a cabeça, é um ataque do coração. Isto porque, os médicos e as próprias pessoas, popularizaram o enfarto do miocárdio, quando ocorre morte do músculo cardíaco, entre outras ações no coração, como sendo o enfarto. No entanto, não é somente no coração que o indivíduo pode sofrer com um enfarto. O paciente pode também sofrer um enfarto cerebral, também conhecido como AVC ou ainda Acidente Vascular Cerebral. O Acidente Vascular Cerebral, não tem dia, hora ou idade para ocorrer. Quando menos se espera ele pode atacar a pessoa mesmo que esta nunca tenha apresentado nem um tipo de problema neurológico. Se esta já tem algum tipo de problema neurológico considerado grave como isquemias, tumores cerebrais, neurofibromatose ou outros problemas, este caso pode ser mais fácil de ocorrer. O aVC é uma isquemia de forma forte e na sua grande maioria das vezes letal ocorre por diversas causas e aqui tentaremos explicar um pouco mais. O acidente vascular cerebral é uma doença caracterizada pelo início agudo de um deficit neurológico (diminuição da função) que persiste por pelo menos 24 horas, refletindo envolvimento focal do sistema nervoso central como resultado de um distúrbio na circulação cerebral; começa abruptamente, sendo o deficit neurológico máximo no seu início podendo progredir ao longo do tempo. O termo ataque isquêmico transitório (AIT) refere-se ao deficit neurológico transitório com duração de menos de 24 horas até total retorno à normalidade; quando o deficit dura além de 24 horas, com retorno ao normal é dito como um deficit neurológico isquêmico reversível (DNIR). Podemos dividir o acidente vascular cerebral em duas categorias: O acidente vascular isquêmico consiste na oclusão de um vaso sangüíneo que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica do cérebro, interferindo com as funções neurológicas dependentes daquela região afetada, produzindo uma sintomatologia ou deficits característicos. No acidente vascular hemorrágico existe hemorragia (sangramento) local, com outros fatores complicadores tais como aumento da pressão intracraniana, edema (inchaço) cerebral, entre outros, levando a sinais nem sempre focais. Vários fatores de risco são descritos e estão comprovados na origem do acidente vascular cerebral, entre eles estão: a hipertensão arterial, doença cardíaca, fibrilação atrial, diabetes, tabagismo, hiperlipidemia, isquemias leves, tumores cerebrais, stress diários ou constantes entre outros. Outros fatores que podemos citar são: o uso de pílulas anticoncepcionais, álcool, ou outras doenças que acarretem aumento no estado de coagulabilidade (coagulação do sangue) do indivíduo. O que se sente, geralmente vai depender do tipo de acidente vascular cerebral que o paciente está sofrendo: isquêmico? hemorrágico? Sua localização, idade, fatores adjacentes. Fraqueza: O início agudo de uma fraqueza em um dos membros (braço, perna) ou face é o sintoma mais comum dos acidentes vasculares cerebrais. Pode significar a isquemia de todo um hemisfério cerebral ou apenas de uma pequena e específica área. Podem ocorrer de diferentes formas apresentando-se por fraqueza maior na face e no braço que na perna; ou fraqueza maior na perna que no braço ou na face; ou ainda a fraqueza pode se acompanhar de outros sintomas. Estas diferenças dependem da localização da isquemia, da extensão e da circulação cerebral acometida. A perda da visão em um dos olhos, principalmente aguda, alarma os pacientes e geralmente os leva a procurar avaliação médica. O paciente pode ter uma sensação de "sombra'' ou "cortina" ao enxergar ou ainda pode apresentar cegueira transitória (amaurose fugaz). Perda sensitiva: A dormência ocorre mais comumente junto com a diminuição de força (fraqueza), confundindo o paciente; a sensibilidade é subjetiva. É comum os pacientes apresentarem alterações de linguagem e fala; assim alguns pacientes apresentam fala curta e com esforço, acarretando muita frustração (consciência do esforço e dificuldade para falar); alguns pacientes apresentam uma outra alteração de linguagem, falando frases longas, fluentes, fazendo pouco sentido, com grande dificuldade para compreensão da linguagem. Familiares e amigos podem descrever ao médico este sintoma como um ataque de confusão ou estresse. Nos casos da hemorragia intracerebral, do acidente vascular dito hemorrágico, os sintomas podem se manifestar como os já descritos acima, geralmente mais graves e de rápida evolução. Pode acontecer uma hemiparesia (diminuição de força do lado oposto ao sangramento) , além de desvio do olhar. O hematoma pode crescer, causar edema (inchaço), atingindo outras estruturas adjacentes, levando a pessoa ao coma. Os sintomas podem desenvolver-se rapidamente em questão de minutos. A história e o exame físico dão subsídios para uma possibilidade de doença vascular cerebral como causa da sintomatologia do paciente. Entretanto, o início agudo de sintomas neurológicos focais deve sugerir uma doença vascular em qualquer idade, mesmo sem fatores de risco associados. A avaliação laboratorial inclui análises sangüíneas e estudos de imagem (tomografia computadorizada de encéfalo ou ressonância nuclear magnética). Outros estudos: ultrassom de carótidas e vertebrais, ecocardiografia e angiografia podem ser feitos. Para se tratar, inicialmente deve-se diferenciar entre acidente vascular isquêmico ou hemorrágico. O tratamento inclui a identificação e controle dos fatores de risco, o uso de terapia antitrombótica (contra a coagulação do sangue) e endarterectomia (cirurgia para retirada do coágulo de dentro da artéria) de carótida em alguns casos selecionados. A avaliação e o acompanhamento neurológico regular são componentes do tratamento preventivo bem como o controle da hipertensão, da diabetes, a suspensão do tabagismo e o uso de determinadas drogas (anticoagulantes) que contribuem para a diminuição da incidência de acidentes vasculares cerebrais. O acidente vascular cerebral em evolução constitui uma emergência, devendo ser tratado em ambiente hospitalar. O uso de terapia antitrombótica é importante para evitar recorrências. Além disso, deve-se controlar outras complicações, principalmente em pacientes acamados (pneumonias, tromboembolismo, infecções, úlceras de pele) onde a instituição de fisioterapia previne e tem papel importante na recuperação funcional do paciente. As medidas iniciais para o acidente vascular hemorrágico são semelhantes, devendo-se obter leito em uma unidade de terapia intensiva (UTI) para o rigoroso controle da pressão. Em alguns casos a cirurgia é mandatória com o objetivo de se tentar a retirada do coágulo e fazer o controle da pressão intracraniana. Contudo, se o paço a paço for feito da forma correta, se os pacientes agirem das formas adequadas após passarem pelo período principal de ataque da doença, pode-se tranquilamente obter uma vida normal porém sempre com regras. Uma das grandes causas da maioria de mortes de acidentes vasculares cerebrais, é que os pacientes sabem dos riscos, e mesmo assim não seguem da forma adequada o tratamento e assim o médico não pode agir sozinho ou apenas no momento mais delicado, é preciso haver concordância entre as partes para que exista um tratamento sério, certo e seguro. Colaborou Salete Letermann. Neurocirurgiã psicoterapeuta especialista em oncologia.