Neurologia: Mistérios do cérebro: Aneurisma: O derrame cerebral: Helen Patrícia. Colaboração para Onnekalel RG Kalel Airis. Da redação O aneurisma cerebral é uma das mais graves falhas do cérebro. Ocorre em muitas pessoas, mas nem sempre estas conhecem o problema devido a diversificação de nomes que ele recebe. hemorragia subaracnóide, hemorragia cerebral; derrame cerebral. São todos os nomes popularmente conhecidos e dados para o aneurisma. Aneurisma cerebral é uma dilatação anormal de uma artéria cerebral que pode levar a ruptura da mesma no local enfraquecido e dilatado. Uma comparação de como se parece um aneurisma é a dilatação ou irregularidade da câmara de um pneu. Formam-se irregularidades na superfície da câmara e em um destes locais há ruptura da mesma com perda de ar sob pressão. Nos indivíduos que têm aneurisma cerebral há a ruptura desta irregularidade da artéria cerebral e "vazamento" de sangue para um espaço virtual que existe no cérebro chamado de "espaço subaracnóide". A ruptura inicial de um aneurisma cerebral leva à morte quase um terço dos pacientes. Alguns pacientes apresentam dois ou mais episódios de hemorragia do aneurisma cerebral. Em cada uma das hemorragias o risco de morte vai se somando. A ruptura do aneurisma pode ocorrer durante toda a vida, mas é mais freqüente entre a quarta e quinta década de vida. Muitas pessoas nascem com aneurismas cerebrais, os chamados aneurismas congênitos os quais, ao longo da vida, podem aumentar e romper. Existem fatores de risco como parentesco de sangue próximo ao de alguém que já teve aneurisma, principalmente irmãos. Outros fatores de risco são: hipertensão arterial, dislipidemias (alteração do colesterol e triglicerídeos), doenças do colágeno, diabete mélito (açúcar no sangue) e fumo. O sintoma mais comum é cefaléia de grande intensidade acompanhada de vômitos, convulsões e perda de consciência. Alguns pacientes desenvolvem ptose palpebral (queda súbita da pálpebra) acompanhado de cefaléia. Outros, perda progressiva da visão por comprometimento do nervo óptico por compressão do aneurisma. Com o decorrer das horas a dor de cabeça pode evoluir para uma dor importante na nuca e levar a "rigidez de nuca" que é comum na meningite, ou dor nas costas e pernas. Isso ocorre por que o sangue escorre da cabeça para a coluna e "irrita" as raízes nervosas provocando dor nas costas. Pacientes que não rompem o aneurisma cerebral podem ter sintomas de isquemias cerebrais de repetição, pois pode haver formação de pequenos coágulos dentro do saco aneurismático levando a liberação dos mesmos para a corrente sangüínea e "entupindo" pequenas artérias. Os pacientes com aneurisma cerebral não roto apresentam dificuldade de diagnóstico por parte do médico. Os aneurismas não rotos não dão dor de cabeça. Algumas vezes apresentam-se como pequenas isquemias cerebrais ou queda da pálpebra. O especialista experiente deverá solicitar uma angiografia cerebral digital ou uma angiografia por ressonância magnética. Somente nos aneurismas muito grandes pode se fazer diagnóstico dos mesmos com uma tomografia computadorizada do encéfalo. O diagnóstico de suspeição é feito pela história que o paciente conta quando o aneurisma é roto. Muitas vezes o paciente já chega em coma ao hospital. Cabe ao médico solicitar uma tomografia computadorizada do encéfalo que deve demonstrar sangue no espaço subaracnóide ou hematoma cerebral (coágulo dentro do cérebro). Caso a tomografia computadorizada seja normal e o paciente apresente rigidez de nuca o médico procede a uma punção lombar para ver se há sangue no líquido que banha o cérebro e a espinha, chamado de "líquor". Nos pacientes com hemorragia por aneurisma cerebral o líquor - que é da cor da água - aparece avermelhado pelo sangue da hemorragia. O tratamento dos aneurismas não rotos deve ser avaliado, pois o risco anual da ruptura de um aneurisma é de 1,25 %, ou seja, o paciente pode escolher um momento adequado para o seu tratamento junto com seu médico. Já os aneurismas rotos apresentam-se como uma urgência médica devendo ser tratados com máxima brevidade. Até o início da década de 90 o tratamento era feito exclusivamente através da cirurgia, que consiste em abertura do crânio e bloqueio do aneurisma com clipes (grampos) metálicos. Nem todos os pacientes podem ser tratados com cirurgia. Dependendo do estado de saúde do paciente e do local a ser alcançado, uma intervenção cirúrgica poderá ser perigosa. A partir da metade da década de 90, foi desenvolvido um método denominado embolização por cateter que consiste em introduzir um cateter na artéria da virilha e através do cateter, que é levado até ao aneurisma, promover o bloqueio do aneurisma com inserção de micro molas de platina. Nisto reside o tratamento endovascular, também conhecido como embolização. Há casos em que a estrutura vascular do paciente não permite a passagem do cateter. Nesses casos, não existe alternativa a não ser o tratamento cirúrgico. Recentemente foi desenvolvido novo material para tratar o aneurisma, chama-se Onyx. Trata-se de um líquido que se torna sólido no interior do aneurisma. O Onyx deverá substituir as molas de platina, mas sua utilização tem o mesmo conceito terapêutico. O onyx é um material importado e caro, sendo o mesmo a ser utilizado para fazer o processo de neuroalicotonina na tentativa de bloquear isquemias cerebrais. Apesar do implante ser simples, ainda sim existem riscos e duas formas de o fazer. A primeira é através de uma micro cirurgia a lêiser onde o paciente tem uma agulha introduzida no crânio e o onyx é implantado e depois o local aberto pela agulha é fechado com lêiser. Neste procedimento o paciente fica algumas horas internado e só deve sair do hospital após a confirmação da formação do onyx em material sólido em forma de anéis no cérebro através de um exame detalhado. Ou uma RM (Ressonância magnética), ou tomografia computadorizada. O outro procedimento para a implantação do onyx no paciente é através de um outro tipo de micro cirurgia mais delicada, porém sem riscos de danificar o cérebro. O neurocirurgião injeta uma pequena mangueira, como as utilizadas para injetar soro na veia porém bem mais fina, em uma das veias do braço do paciente, preferencialmente no mais próximo ao lado que o aneurisma está, direito ou esquerdo, depois esta mangueira fina como se fosse uma linha, é levada até o cérebro do paciente, onde o onyx é transmitido como se o paciente estivesse tomando soro no cérebro. O único problema deste procedimento que por enquanto é utilizado como teste nos Estados Unidos e não está autorizado ainda pela Organização Mundial da Saúde a ser feito em outros locais, é que a mangueira pode estourar enquanto o onyx passa por ele, e pode causar danos para o paciente. Se estiver em uma veia importante, pode causar uma morte por parada cardíaca ou falta de oxigenação no cérebro ou coração. Por este motivo, a neuroalicotonina comum, é a forma mais indicada de proceder nesses casos apesar de um pouco mais arriscada dependendo de onde o aneurisma está, ela ainda se prova mais eficaz. O aneurisma roto é aquele em que o paciente já chega muitas das vezes inconsciente no hospital. Todos o chamam de derrame cerebral e acontece de uma hora para outra, sem dar avisos prévios. Nestes casos, primeiramente deve ser restabelecida a funcionalidade comum cerebral do paciente e após a avaliação de uma embolização ou neuroalicotonina. Este aneurisma é o mais grave e causa o maior número de mortes por função dessa doença. Os aneurismas não rotos, são descobertos geralmente em exames de rotina, e estão quietos no cérebro, esperando o momento de se romper e se tornar um aneurisma roto. De qualquer forma, as duas formas são graves e perigosas, podem matar e precisam ser tratadas da forma adequada por um médico experiente. A qualquer sintoma favor procurar um hospital. Colaborou Salete Letermann. Neurocirurgiã psicoterapeuta especialista em oncologia.