AS LÍNGUAS IMAGINÁRIAS DE TOLKIEN


As línguas imaginárias de Tolkien



Vocês sabiam que JOHN RONALD REUEL TOLKIEN, o autor do livro "O Senhor dos Anéis", era filólogo e inventou dezenas de línguas?

Um Vício Não-Tão-Secreto As idéias de Tolkien na Criação Lingüística




Em 1931, Tolkien escreveu sobre seu hábito peculiar de inventar idiomas derivados de linguagens primitivas. Ele chamou a isso de "Um Vício Secreto". Mas, no caso de Tolkien, o "vício" já não pode mais ser considerado assim tão secreto.

O que realmente passa pela cabeça de um homem que todos os dias fica brincando com intrincadas regras lingüísticas, com idiomas que nunca existiram fora de sua própria imaginação ? Em primeiro lugar, tem que ficar
perfeitamente claro: ele fez muitos idiomas que nunca chegaram a ser utilizados em suas histórias, existem alguns poemas em élfico, e um enxame de palavras exóticas que nunca apareceram em seus livros. Em Tyalië Tyelelliéva, Lisa Star nos informa que a lista de palavras publicadas por Tolkien tem cerca de doze mil itens, e Tolkien nunca criava palavras sem um motivo... estamos falando de complexas construções lingüísticas... Como isso começou? Como terminou? E por que?


O jovem John Ronald Reuel Tolkien fala:

Em um dia distante, cerca de cem anos atrás, Tolkien sentiu-se confuso ao
ouvir uma dupla de crianças falando em Animalic. Isso era um jogo, uma brincadeira de crianças que consistia em palavras inglesas para animais. Os inventores do Animalic não tentaram manter em segredo seu brinquedo, e logo Tolkien estava aprendendo e falando o Animalic. Em sua composição "Um vício secreto..." eles nos dá um exemplo de Animalic: Dog nightingale woodpecker forty, que traduzido significa: Vocês são uns asnos.

O Animalic se tornou um idioma morto em pouco tempo, mas as crianças continuaram com seus jogos lingüísticos. Logo foi inventado um idioma chamado Nevbosh (cujo significado era New Nonsense, ou Nova Tolice, visto que ele era a tolice que estava destinada a substituir o Animalic). Tolkien não
foi o idealizador deste idioma, mas de acordo com ele mesmo, contribuiu para o vocabulário e com o melhoramento da gramática. Eu era um sócio do mundo Nevbosh, se recordaria orgulhosamente.

O Nevbosh era, principalmente, uma mistura de inglês pesadamente retorcido, francês, e algumas palavras latinas. Não representou um rompimento para com o idioma inglês (ou para com qualquer outro), mas mesmo vinte anos depois de se tornar um idioma morto, Tolkien ainda lembrava-se dele... ainda que apenas de como se pronunciava a palavra "idiota".


         Dar fys ma vel gom co palt 'hoc pys go iskili far maino woc?
         Pro si go fys do roc de Do cat ym maino bocte
         De volt fac soc ma taimful gyróc!'

Algumas rimas foram preservadas, e até mesmo com uma tradução aproximada: Havia um homem velho que disse como / eu posso levar minha vaca possivelmente? / Para que se eu fosse perguntar / como entrar em meu bolso / faria tal uma cara medrosa!

Mas para Tolkien, simplesmente torcer palavras (como woc = cow = vaca) não era o suficiente. Mesmo entre as crianças que falavam o Nevbosh já estava surgindo algo mais sofisticado, utilizando palavras que não po diam ser relacionadas a qualquer fonte específica, mas que simplesmente eram utilizadas por se adequarem ao significado pretendido. Tolkien cita a palavra lint, que significa rápido ou inteligente... nunca se esqueceu desta palavra, e quarenta anos depois ela deu origem a uma palavra utilizada na canção de despedida de Galadriel: lintë yuldar lissë-miruvóreva..

Algum tempo depois, o Nevbosh se uniu ao Latim e ao Gótico na lista dos idiomas mortos. Mas Tolkien (ainda uma criança) já estava criando um dos
seus primeiros idiomas inventados; Naffarin. Ele cita uma sentença em Naffatin, mas infelizmente não é dada sua tradução: "O Naffarínos cutá vu navru cangor luttos ca vúna tiéranar, dana maga tíer ce vru encá vún' farta once ya merúta vúna maxt' amámen." Embora o Naffa rin utilizasse algumas das bases do Nevbosh, já é possível sentir algo nas palavras que nos fazem pensar nos idiomas élficos. O Naffarin foi inspirado no Latim e no Espanhol... mas não demorou muito para Tolkien encontrar inspirações ainda mais poderosas.


Through the Welsh cellar door into the Finnish wine-cellar:

Uma das coisas mais importantes para Tolkien, era que seis idiomas deveram ser "bonitos". Seu som deveria ser agradável e sua grafia deveria ser elegante. Ele buscou por vários idiomas, e seu gosto foi-se refinando. O som do Latim, do Espanhol e do Gótico muito o agradavam, o som do Grego era grandioso, o Italiano era maravilhoso... mas o idioma francês, freqüentemente citado como uma língua bonita, lhe deu poucas alegrias.

Mas, o idioma que o levou aos céus foi o galês. Em sua composição "O Inglês e o Galês" Tolkien recordo em onde viu, pela primeira vez a palavra Adeiladwyd 1887 (construído em 1887). Era uma revelação de beleza, perfurou meu coração de lingüista, ele recordou. Tolkien achou difícil comunicar aos outros o que ele achava tão belo naquele idioma, mas em sua composição fez uma tentativa honesta. "A maioria das pessoas da língua inglesa admitem que a palavra cellar door (porta do porão) é
algo bonito, especialmente se desassociado de seu significado. Bem, em galês para min portas de porão são algo extremamente freqüente, e movendo-se em direções mais altas existem palavras nas quais há prazer na contemplação, na associação da forma com o senso. Ela cita exemplos concretos, como wybren que é mais agradável que a palavra inglesa sky (céu).

Mas havia outros prazeres ainda não descobertos pelo jovem Tolkien. Um dia ele descobriu a gramática finlandesa!!! Em instantes, se encontrou em êxtase fonoestético. "Foi como descobrir um porão cheio de garrafas de um vinho surpreendente, nunca provado antes me senti totalmente intoxicado". O finlandês esmagou totalmente seu último projeto (de fazer seu próprio idioma germânico), pois agora tinha encontrado inspirações mais poderosas.

Após muitos anos, Tolkien declarou que os idiomas élficos foram planejados para serem europeus em sua estrutura (sem entrar em detalhes) e serem especialmente agradáveis. A primeira intenção não foi difícil de ser alcançada, mas a segunda é muito mais difícil, desde que a idéia de "agradável" pode mudar de país para país, e de pessoa para pessoa.. Em síntese, isso significada que o idioma finlandês foi o escolhido para ser a base de suas construções lingüísticas.

É claro que ele tinha razão. O idioma galês que tanto amou foi modelado e serviu como base para o Sindarin... que foi descrito como "uma massa de grunhidos e sons gargarejantes" por um repórter norueguês... parece existir uma concordância a respeito dos idiomas élficos serem eufônicos. Tolkien cita que: "os nomes de pessoas e lugares foram criados seguindo padrões do galês (aproximadamente, nunca identicamente). Este elemento de criação provavelmente deu mais prazer aos leitores que qualquer outra coisa.

Mas estamos saltando a frente das coisas, vamos retornar ao começo. Enquanto a primeira guerra mundial estava se ampliando, as construções lingüísticas de Tolkien se tornaram o que viria a ser os idiomas élficos.
No dia 2 de março de 1916, Tolkien já com 24 anos escreveu a Edith (sua futura esposa) falando que estivera trabalhando em "...meus tolos idiomas de fadas. Eu realmente desejo trabalhar nisto a fundo, mas não me deixo levar por este passatempo."

Precisamente neste momento, em 1916, enquanto Tolkien estava em hospital que tem sobrevivido a Batalha de Somme, foram escritas partes de sua mitologia para a Inglaterra, os primeiros do que seria um dia O Silmarillion. Ao mesmo tempo, ou bastante tempo antes, ele escreveu a primeira lista de palavras em élfico. Uma coisa levou a outra: "A criação de um idioma e a mitologia e funções relacionadas" ele comentou em "Um vício Secreto..."
Sua criação de idiomas criará por si mesma uma mitologia". Ou novamente em uma carta escrita muitos anos, logo após a publicação de O Senhor dos Anéis: "A invenção de idiomas é a fundação.... as histórias foram feitas para prover um mundo onde os idiomas pudessem existir.
Para min em primeiro lugar existe um nome, e a história o segue". Poucas
pessoas levaram esta explicação a sério. "Ninguém me acredita quando digo que meu longo livro é na verdade uma tentativa para criar um mundo no qual uma forma de idioma agradável a meu ver estético pareça real".

Copyright © Ardalambion - Of the Tongues of Arda Traduzido por Mithrandir

Seqüência deste artigo: Seqüência deste artigo Mais detalhes sobre as línguas inventadas por Tolkien: Alfabeto dos idiomas inventados por Tolkien


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