Bonzinho é péssimo - Luiz Augusto Crispim


Luiz Augusto Crispim


Bonzinho é péssimo

- Bonzinho, aquele rapaz, não?

Se você ouvir um comentário desse, meu caro leitor, faça de tudo para que não seja dirigido a você mesmo.

No “ranking” utilitário da vida, ser bonzinho é péssimo.

É como ocupar a categoria do moço “que redige direitinho”. Jamais será um grande escritor. O esforço que gastou para alcançar a categoria dos que “redigem direitinho” já foi demais para ele.

Nesse caso, até concordo. Ou se escreve bem, feito gente grande, ou não se passa do rés-da-calçada.

Não me lembro quem costumava dizer que o homem vale pelo mal que é capaz de fazer.

Nunca acreditei nisso, mas, na prática, quem não é capaz de aquilatar o valor dos fazedores do mal ao longo da vida? Estou falando de valor de mercado, valor de troca. Até porque outros valores - para estes - não valem grande coisa...

Mas, na hora dos tratos e dos retratos, do dar e do receber, de quem há de ser a precedência?

Do rapaz bonzinho ou do “bad boy”?

A honradez, a inteireza do caráter, a firmeza dos princípios, isso tudo são conceitos que, aos poucos, vão-se tornando relativos, desassociados das pessoas.

Em vez de respeitar e admirar pessoas honradas, o que importa é saber se elas sabem esconder direito a desonra.

Em vez de cultivar um caráter límpido, inteiriço, o cuidado deve ser com a próxima curva. Porque o importante é exibir um caráter para cada curva do caminho.

Quanto aos princípios, estes se justificam pelo fim que é preciso alcançar.

Tudo é uma questão de competência.

Pautar a vida fora desse código é violar a Lei Maior, a Lei de Gérson, norma fundamental da nova ordem no país das vantagens e das aparências.

Na selva moderna, a seleção das espécies começa eliminando os bonzinhos. São os primeiros a perecer. Primeiro, nessa ordem de precedência (e, naturalmente, de sobrevivência) deve ser contemplado, de fato e de direito, o titular da maldade, levando em conta as potencialidades do mal que ele é capaz de fazer...


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