F. Pereira da Nóbrega














Jornal Correio da Paraíba, Quarta-feira – 20 de novembro de 2002.

Violência, que vem do Norte






    Criminalistas lembram que, na sociologia do crime, são cúmplices a densidade urbana e a má qualidade de vida. Não é tudo.


    Ultimamente, dois norte-americanos montaram o carro perfeito para o crime perfeito. Fizeram mais de uma dezena de vítimas em Washington sem serem descobertos. Com um tiro só, matavam por matar. Finalmente foram alcançados. Participaram da guerra passada contra o Iraque


    Quando a guerra termina, os violentos não cessam. Prosseguem na sede de torturar e matar. A fera que nasce com cada um de nós, teve seus freios por vias de educação. A guerra os retira, faz o convite à violência, compensando o tempo perdido.


    Rindo, o soldado metralhou idosos e crianças na vila vietnamita. O repórter filmou, exibiu. Quando acorreram a sua mãe para explicar que monstro ela tinha gerado, solene, declarou na TV para os Estados Unidos ouvirem: eduquei meu filho para o respeito aos outros e à vida; O Exército de meu país lhe ensinou isso no Vietnam.


    E haja cenas de homicídio sem explicação, dentro da sociedade americana, aonde jamais a guerra chegou, no estampido das metralhadoras, nas asas dos bombardeiros.


    O menino de 15 anos chegou à sala de aula, e, sorrindo, apertou o gatilho, matou colegas. Motivo? Não tinha. Dissera antes que faria isso e fugiria para o México. Claro que era um norte-americano. Anormal não é ele, é a sociedade que o medrou. É de violência a cultura norte-americana. Esse modo de produção, calcado na competição, vai além dos negócios, se torna modo de vida.


    Quem decide eleições presidenciais nos States é a política externa. A interna conta pouco. Em cada eleição, o Presidente que se quer reeleito, busca conflito internacional, desloca porta-aviões, bombardeia povos, ganha eleições. Porque são esses os valores que aquela sociedade prestigia. É importante para a reeleição de Bush guerrear agora contra o Iraque.


    Vai-se tornando bonito matar rindo, sem motivo, sem razão. É a exibição do poder, o mesmo sonho de milhões que tentam ser magnatas, sem escrúpulo dos meios. Ou tentam a celebridade, o estrelado, o Livro dos Recordes, sem ter pena nem de si mesmos. É a mesma sandice que bombardeia povos para ganhar eleições.


    Como seria bom que o Norte terminasse no Norte. Não chegasse aos trópicos.


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