Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega


Universidade, para quê?

Depois que nossa Universidade Federal elegeu seu reitor, fiquei me fazendo esta pergunta. Antigamente prefeitos eram jardineiros. Toda cidade lutava por ter sua praça, seu jardim. Hoje, muitas Prefeituras querem ter sua Faculdade, Universidade talvez.

E me pergunto: a quem serve o ensino superior no Brasil? A resposta não denuncia a Universidade mas a sociedade de que ela foi sempre reflexo. Engenharia serve a poucos, individualmente. Arquitetura, mesmo necessária, de tão rara parece luxo.

A quem servem nossos serviços de Saúde? Brasileiros que ainda riem mostram carência mais que dentes na boca. Há recomendação na tv, de que se vá periodicamente a exames de saúde. Com que dinheiro? Médicos hoje ganham o insuficiente para seu status, o suficiente para o pobre não ir lá.

Para os miseráveis restou uma consolação. Seu nome é curso de Assistente Social. Os “doutores da miséria” respondem por esse nome. Para o poder aquisitivo, os demais cursos superiores! Para a miséria não ser de todo esquecida, aí fica o curso de Serviço Social.

Também me pergunto: para que Serviço Social? Quem exerce a profissão sabe para quê. Órgãos estatais, grandes empresas contratam assistentes sociais. É assistência mesmo, é paternalismo, para a mendicância ter sua condição de vitalícia. Então se algum assistente social resolve promover o ser humano, libertá-lo da miséria, não encontrará onde trabalhar. Mas sua destinação primeira deveria ser a de agente de transformação do social. Isso lhe dizem o currículo que freqüentou e a sociedade que aí está.

A Universidade se orienta por um compromisso mais radical que forças estranhas lhe impõem de reprodução da sociedade vigente.

Todo pobre sonha chegar a ela.. É o salto mágico da miséria para a classe medis que a loteria lhe tem negado. Nos anos de Universidade, ele aprende outra cultura, introjeta outra ideologia, outros valores. Na Universidade aprendeu o individualismo. Renegou suas origens.

Em escala maior, a quem serve a Ciência que a Universidade produz? A quem servem bombas atômicas e mísseis balísticos? Nesta humanidade sem poder aquisitivo, a quem servem os artefatos digitais, desde a tv deste nome? A Universidade se empenhou mais na produção da ciência do supérfluo do que na outra, do necessário. E por isso mesmo, a produção mundial de bens é de 60% de supérfluos, 40% do necessário. A isso serve a Universidade.


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