Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Um novo homem

Chateaubriand escreveu esta frase: “dentro de 20 anos, surgirá um novo tipo de homem, construído pela educação, para valores mais solidários”.

Passou Chateaubrind, vinte anos se passaram. E o novo homem continua sendo esperado. Se educação é isto que vem da escola, ela só não passou porque ainda nos falta chegar. Entre seus objetivos, lembra “o exercício consciente da cidadania”.

Isso os sindicatos têm feito aos seus. Assim também, associações de bairro, comunidades de base. A escola mesma ensina a ter, a ser não ensina mais. Dela, certamente, não saem os marginais da produção. Ela informa, não forma.

Quem, então, suprirá esta lacuna? Se todo país deve ter um projeto nacional, todo pai deve propor a seu filho um projeto de homem. Infelizmente, também não é da família que surgirá o novo homem. Ela está engajada numa luta de sobrevivência, enquanto a sopa mingua no fundo do prato.

E, contudo, está surgindo este novo homem, presente nos sinais de uma nova organização social. Na biologia, o novo surge das mutações genéticas. Digamos que existem genes sociais e que suas mutações produzem novas sociedades, civilizações. Apenas se planta num século para se colher no outro.

Sede de justiça social, de direitos humanos, de respeito à natureza, tudo isso toma nomes de Anistia Internacional, Cruz Vermelha, Green Peace, outros mais. São genes promissores da sociedade que virá.

Cada ano nos surpreendemos com um novo Prêmio Nobel da Paz. Não falo nos outros, das Ciências porque seus avanços se colocam no esquecimento da humanidade.

Os Nobel da Paz não são de ciências, são de sabedoria. Ciência é informação organizada. Sabedoria é vida organizada. E vida se organiza a partir de uma escala de valores, com primazia dispensada ao ser humano, independente e classe, credo ou raça.

- Um novo homem surgirá? De onde surgirá? Não é da escola, finado Chateaubriand! Ela está ensinando o ter, não o ser. O novo homem surgirá de onde estão as matrizes do verdadeiro humanismo. [«]


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