Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega



Tudo por dinheiro

Todas as notícias parecem repetir a mesma: tudo por dinheiro.

Caminhões, mais que transportam, são transportados. O motorista cai morto ou é também levado. A carga desaparece com o veículo. Um dia, a Paraíba se assusta com o achado: garagem subterrânea, em Mamanguape, só de cargas roubadas.

Na Revolução Industrial, de repente se descobriu a máquina e, com ela, a mina do vil metal. Crianças desceram ás minas, trabalhando 12, 14 horas por dia. Não tinham férias nem qualquer lei que amparasse. Foi assim que a vila sugou o campo, a cidade sugou a vila, a metrópole sugou a cidade, o Ocidente sugou o resto do mundo.

Hoje a revolução é tóxica, não é industrial. Mas não muda de conversa. Seu objetivo é igualmente o lucro. O RJ está em guerra civil. As outras guerras têm dois lados. Essa tem três: rivais do tráfico, um grupo contra outro, e a polícia contra os dois. E haja povo morrendo, em balas perdidas, em militares e traficantes achados. A razão é dinheiro.

A mulher foi presa. Portava droga na vagina, certamente para vender ambas. Se esse tráfico é recente, a prostituição está entre as mais antigas profissões. Só uma ressalva se faça. a prostituta das civilizações antigas vivia o dilema de vender seu corpo ou morrer de fome. Surge hoje nova classe de mulheres fáceis, de alto nível social. No Rio, a modelo rolou na cama com o cantor internacional. Não era amor. Viam-se pela vez primeira. Queria um filho dele. Conseguiu, deu o golpe, foi à Justiça, está ganhando milhões para o filho – para ambos. Isso também é prostituição.

O peixe não enxerga toda a água em que flutua. Nem vemos bem essa civilização em que mergulhamos. Sempre houve sedentos do ter mais. Hoje morrerá quem não fizer dela preocupação maior, ideal de vida. Somos obrigados a pensar em dinheiro 24 horas por dia. Então surge um coletivo modo de vida, enervante, desesperador:.

A produção mundial de bens é 60% de supérfluos, 40% de necessários. Os números já dizem tudo. Não há produção suficiente para as necessidades humanas. Nem a humanidade carente teria poder aquisitivo para comprá-la. Produz-se para poucos, mais que o necessário, o supérfluo sobretudo.

A propaganda gera necessidades, além das reais necessidades. Então vem nas massas o ímpeto de pular a cerca, pisotear a lei, desrespeitar o ser humano e a qualquer preço se obter aquilo que paga todos os preços: o dinheiro. Então o salteador rouba carga e caminhão, o traficante move guerra civil, a modelo dá golpe no cantor, a mulher envia droga na vagina - tudo por dinheiro.

Se o carro desce, desgovernado, alguém grita pelo freio. Estamos desgovernados, estamos descendo. É tempo de se repensar essa nossa civilização Ocidental.


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