Teoria do Estado

A sociedade é substantiva. O Estado é adjetivo. Sem sociedade não haveria Estado.

Então sua função primeira é o social. Se isso não lhe for o primeiro, nem segundo será. O neoliberalismo afaga na prática o marxismo que combate na teoria. Também prioriza o econômico, não para posterior redistribuição de renda, mas - pior que o marxismo - para sua concentração nas mãos de poucos

O Estado é o poder que não pode.

Todo ele lhe advém do povo. Não tem opções a fazer de prioridades acima do social. Só trabalha outras dimensões do real como meios para atingir a plenitude social. Também não tem poderes para privilegiar. Todo privilégio social é perversão do Estado em sua razão de existir. É usurpação de um poder que a sociedade lhe deu para o bem de todos. Governar para algumas famílias, classe, raça, credo, é governar para alguns.

Governar para todos é sua razão primeira. É obrigação dele distribuir renda com justiça, inviabilizar miséria, assegurar a todos educação, saúde, transporte, qualidade de vida. Não é favor nenhum o dever seu de diminuir a distancia entre classes.

É essa a sua razão de existir. Isso é esquerda? Então todo Estado seja de esquerda ou usurpará poderes que não tem. Isso é socialismo? Então todo Estado seja socialista, se não quiser ser imoral.

Imorais continuam os Estados do Primeiro Mundo, da fortuna que aumenta cada vez mais, da miséria ao seu lado, dos que dormem debaixo das pontes.

Também o Estado é ótimo servo e péssimo patrão.

Quem deu a ele o poder de dividir a sociedade, aumentar o fosso entre as classes, criar estruturas de concentração de rendas? Quem, senão alguns?

As maiorias depauperadas, vítimas de sistemas econômicos selvagens - as maiorias sem as quais Estado nenhum tem poder nenhum - nunca deram a tais Estados o direito de lhes serem algozes.

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