Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega |
Educação é peteca nas mãos de voluntários. Como naqueles grupos de lazer, em que se grita:: sustenta a peteca, não deixa cair. O impulso que sustem ambas – educação e peteca - vem de baixo, das bases.
O jogo vai cansando. A peteca vai caindo.
Pouca gente escolhe profissão de professor. Escolhe quem não escolheu. Explico-me: no magistério vão ficando os que não tiveram alternativa de sobrevivência.
O salário do professor é um eterno problema de greve. Para quem olha de fora a impressão fica de que professores são mercenários mais que educadores, insaciáveis na busca de lucro. Quando olhamos os salários que ganham, diante de tantas greves que fazem, a impressão muda: precisam fazê-las pra tê-los. Salários diminuiriam na ordem diretas da manutenção das aulas.
A peteca vai caindo. Com professores desestimulados nas escolas públicas, com alunos que vêm das periferias menos para aprender, mais para alimentar-se, a peteca vai caindo. Um Instituto de Pesquisas Educacionais revela dados que estarrecem. No Ano 2002, 4 milhões de alunos foram reprovados no Brasil, no ensino fundamental. Foi muita escola reduzida à inutilidade. Esse número supera o do ano anterior quando foram reprovados 3 milhões 870 mil alunos.
O número de desistentes parece nos consolar. Abandonaram o ensino fundamental mais alunos em 2000, menos em 2002. Vejamos bem como interdependem e oscilam os números de desistentes e reprovados. Não é que a desistência vem diminuindo, como se a escola tivesse melhorado Quanto menos alunos abandonam a escola mais reprovação nela ocorrerá. Não quer ser reprovado? Então não vá às aulas..
Desses reprovados quase 50% estão no Nordeste. É fácil dizermos que isso reflete disparidades sociais. Então digamos tudo. Quando milhões de alunos são reprovados, o problema não está somente neles, nos professores também. A desigualdade social explique esse fenômeno, dizendo que professores, socialmente, lembram alunos. Uns estão vizinhos da miséria de que outros já são inquilinos.
Prometeram às crianças asas de passarinhos. e lhes deram penas de peteca. Nós, daqui de baixo, ainda insistimos:
- Sustenta a peteca. Não deixa cair.
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