Projeto DOSVOX F. Pereira Nóbrega



Riqueza sem conforto

Vale a pena ser rico e não ter conforto? Vale a pena ter milhões na conta, faltando na casa carro, tv, eletrodomésticos? Ou faltando até mesmo a casa? Antes que você diga que isso não existe, lhe digo que isso é Brasil. Vejamos primeiro os milhões na conta. Entre as economias do mundo, só 10 estão à nossa frente. Se os mais ricos já são sete, nossa posição é invejável. O americano McNamara declarou que, em recursos naturais, somos 21% mais ricos que os Estados Unidos.

Depois do dinheiro na conta, vejamos o que brasileiro tem como qualidade de vida. Estamos em 73º lugar em qualidade de vida neste Planeta. Dez milhões de famílias não têm casa. É limitado o acesso do povo a água, saneamento, escola.

Nos países ricos 5% do PIB vão para saúde, Entre nós, nem 3%. Precisaríamos, numa primeira etapa, mais do que aqueles 5%. Há seculares doenças em rios, ligadas a formas de vida que neles habitam. Sabe-se o que neles pôr para se dizimar o mal. Moradores de suas margens continuam bebendo daquela água, morrendo daquele mal. Mas quando o mal atinge também a classes mais elevadas, se faz com clamor de propaganda o que não passa de rotineiro dever. Assim, a dengue, as vacinas tradicionais.

Começamos a desconfiar que temos cidadanias de categorias várias. Segundo elas, se distribui a conta do Banco, o acesso ao progresso. Mais de 75% dos brasileiros jamais entraram num cinema, manusearam um videocassete, possuíram um carro.

Existe uma pena de morte, via guilhotina social. Dos aqui nascidos, muitos já vieram ao mundo condenados a viverem 10% menos que nos países desenvolvidos.. É duro se constatar que a criança vive menos ou mais se for brasileira ou americana. Vive menos ou mais se nascer nesta ou naquela classe social E nós que nos orgulhamos de um pais sem preconceitos, cultuamos aquele que destina pena de morte a inocentes.

É então que se diz: seremos isto enquanto não formos desenvolvidos, porque primeiro se faz o bolo, depois se divide com todos.. Nosso problema social é ético mais que financeiro ou econômico. Permanecendo as atuais regras do jogo – ínfimo salário mínimo, escandalosa concentração de renda, prioridade financeira sobre o social – poderemos chegar a primeiros no mundo, como os Estados Unidos, com 30 milhões de miseráveis. Faltam consciência, escrúpulo, respeito à dignidade humana.


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