Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Riquezas do subsolo

Nesses interiores paraibanos valeu a pena se cavar o chão. Não importa à procura de quê. A sorte é quem diz. No município de Sousa, há bem pouco, se cavou à procura de água. Jorrou petróleo. Agora, novamente se cava o chão, jorra petróleo. Novamente a Petrobrás está a caminho.

O ano 1942 foi de seca no sertão. Em Cajazeirinha encontrou ouro quem enterrava a ponta da estaca. Gente de toda parte acorreu para aquele garimpo. Zé Militão enriqueceu tanto que pôs dente de ouro em seu bode. O povo cunhou a expressão: rico que só o bode de Zé Militão.

Satélites localizam riquezas do subsolo. Quem tem dinheiro, compra a americanos tais segredos. Primeiro obtêm junto ao Ministério das Minas acesso legal ao subsolo. Depois, procura o dono das terras para acordo de exploração. Ainda no município de Patos, homens nunca vistos agora chegam com caras de donos. O subsolo de várias propriedades contíguas está rico em jazidas de granito, mármore e minérios semipreciosos.

Humildes camponeses não sabem sequer como dialogar. Têm a dúvida que tenho também: se o solo é meu, pisa nele quem eu deixar. O dono do subsolo procure outro caminho por onde entrar.

Uma exploração mineral desse vulto invalida toda cultura do solo. Trata-se de se abrirem estradas para escoamento, se construírem edifícios de administração, vila de residência operária, também depósitos de material bruto e trabalhado. Praticamente o solo seja ocupado pelos donos do subsolo. A lei que dá subsolo a um, de fato invalida uso do solo alheio.

Um carioca soube da mina de ouro de Cajazeirinha. Registrou aquele subsolo, fez-se dono. Veio a Patos tomar posse. Desceu do carro na mina. Não deu um passo, foi fuzilado. Quem fuzilou não se sabe, não se diz.

Ainda existe algo de mais estranho no acesso ao subsolo. Americanos fotografam com satélites todas as riquezas minerais do subsolo das Américas. O Governo brasileiro ignora o que americanos sabem. Vendem esse saber a terceiros. sem mediação de nosso Governo.

Quem compra tais conhecimentos vai ao Ministério das Minas. Só então o Brasil sabe oficialmente, diz que concede ao interessado, não ao proprietário do solo, o direito de exploração. Quem nada conhece só tem sua ignorância para vender. Americanos conhecem e vendem nosso subsolo.

Quer comprar alguns quilômetros ricos do subsolo brasileiro? Procure americanos. De reboque você ainda leva o solo alheio. [«]


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