Projeto DOSVOX R$eligião - F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega


R$eligião

Quer ganhar dinheiro, muito mesmo, sem ter que pagar impostos? Só uma coisa se exige para isso: não tenha escrúpulos de consciência, que isso não dá lucro. E lhe garanto que tudo será dentro da lei. Não há como você responder a processo por isso.

No Rio, no início dos anos 80, - diz, Luís Domingues, o sociólogo que fez a pesquisa - a cada semana se abriram 3,5 novos negócios desse tipo. Na década de 90, já foram 5,4 por semana. Na cidade de SP existem advogados especializados em montar essas fábricas de lucro, registradas nalgum Cartório de Títulos.. Dou-lhe ate o nome do mais conhecido: o advogado Glauco Guerra

A partir daí a empresa passa a ter isenção de Imposto de renda, de IPTU. Pode comercializar sem pagar tributos. Arrecada doações e sobre isso não incide tributação. E como há deputado para todas as causas, não faltaram alguns, conseguindo verbas para essas empresas.

Fiquei sabendo de tudo isso, não por terceiros, por quem foi convidado a entrar nesse negócio. Tenho uma sobrinha, excelente comunicóloga. Trabalhava para a Confederação das Indústrias do RS, quando um de seus industriais lhe propôs nada menos que fundar uma R$eligião, para ganhar dinheiro, como fez Edir Macedo, apelidado de bispo.

Daí em diante não pararam de se multiplicar os negócios em nome da fé, com uma Teologia da prosperidade, prometendo empregos e curas. São vultuosos os lucros dessas empresas “em nome de Deus”. Cito algumas: ‘ “A última Embarcação para Cristo” “Pronto Socorro de Jesus”, ´A Espada de Dois Gumes” Prepara-te” “Deus opera Maravilhas”. Cada uma dessas gastou apenas R$30,oo mais 3 dias para a condição legal de explorar a credulidade popular.

Dizem-se todas evangélicas. E nisso vai um crime a mais. Ao movimento evangélico, no Brasil e no mundo, você pode negar sua fé, não a honestidade de seus pastores ou a seriedade de sua Teologia. Por mais que se coloquem dentro da lei, desconfio que esses exploradores da fé cometem crime contra a economia popular. Fica essa sugestão para os evangélicos.

Não foi pensamento do Cristo fazer de cristãos privilegiados, isentos de carências. Salvou-nos pela cruz, não nos salvou da cruz. A qualquer um desses picaretas da fé, prefiro Marx, o ateu. Teve seus erros sim. Mas foi sincero no que pensou, arriscou-se pelos pobres, desejou uma humanidade igual, como Cristo a desejou. Apenas errou nos meios que preconizou.


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