Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

Reflexões sobre o Nada

- F. Pereira Nóbrega

A toda hora falamos do Nada. Mas requer esforço mental querer entendê-lo. Até parece irrisório como se o Nada fosse evidente. Digamos que o Nada é aquilo que falta a tudo o que existe. O latifundiário chega à fronteira de seu território. Dali em diante aquele chão alheio é o Nada de sua propriedade.

Não só o latifúndio - família, dinheiro, inteligência - é limitado tudo o que neste mundo nossos olhos possam contemplar. O Infinito não é parte do Universo. Tudo termina na fronteira do Nada.

Aquele tem uma grande família. É pai de 12 filhos. A partir do décimo terceiro - que nunca existiu - começa sua descendência igual a Nada. Onassis possuía cinco bilhões de dólares. Seu sexto bilhão foi Nada. Einstein sabia muito, não sabia tudo. Entre o muito que sabia e o tudo que nunca atingiu, o resto de seu saber foi Nada.

Mas o Nada, por vez astucioso, parece nos enganar. Apresenta-se como substantivo que nossos sentidos juram perceber. Existe a presença de que ausência é apenas negação. Então ausência é Nada? Quando ela me faz saudoso, quem me deixa assim é presença reduzida a Nada.

Até a Física fala de nadas que parecem vistos. Existe a luz. Diz a Física que sombra é apenas falta dela. Então sombra seria Nada? Calor e frio, um é negação do outro. Dos dois um existe, o outro é não-existência, é Nada. Ouvimos estrondos, barulhos, algazarras. O silêncio é o Nada que não se consegue escutar.

Então tudo o que existe é limitado e infinito seria o Nada? Ele é radical. Ou é infinitamente não-ser ou ainda não chegou a ser Nada. Mas ainda falamos de “quase nada”. Esse não existe.

Contamos os seres com algarismos: 1, 2, 3, etc. Com zero escrevemos o Nada.. Os algarismos se sucedem com diferença de 1 a mais. Mas entre o Zero e o 1, é infinita a distância.

No Universo, nada se cria, nada se aniquila, tudo se transforma - dizem os cientistas. Seria o mundo um conjunto impermeável ao Nada? Nele, a energia se degrada mais e mais. Pouco importa em que se transforma quando se degrada. De energia um dia no Universo restará Nada.

Deve haver uma estrela - a última, externa, da última galáxia. Depois dela só resta o vazio cósmico sem limites, sem fronteiras. É o infinito Nada. Mas numa coisa, concordamos todos: o Universo é uma ilha cercada de Nada por todos os lados.

Domingo, 16/2/2003


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