Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega


Em 5º lugar

Terremoto sacudiu o Irã. Nalguns segundos, mais de 30 mil vidas foram ceifadas. De tudo, o mais comovente foi a mãe abraçando sua recém-nascida, no momento final. E morta foi ela encontrada, 72 horas depois, com a filha viva entre seus braços..

Se tanta gente sai da vida no Irã, contingentes maiores entram no Brasil. O IBGE diz que estamos em 5º. lugar em população mundial. Tal índice demográfico nos não pode deixar indiferentes. É positivo ou negativo? Melhor existir do que não existir – filosofam alguns. A pior vida ainda seria melhor do que a melhor morte. Por isso, iranianos festejam a criança, ainda viva, nos braços da mãe que morreu.

Outros pensam exatamente o oposto. Americanos exportam os serviços de uma Benfam, distribuindo anticoncepcionais, mesmo sem a educação popular das classes humildes para um consciente planejamento familiar. Não decidem. Também elas são planejadas. É a política de dizer não ao nada. A seres que não existem ela proclama a proibição de existir. A pais, a proibição de procriar. Argumenta que está diminuindo a miséria no mundo, poupando seres da miséria que nunca iriam escolher.

A raça humana tem direito a sua continuidade. Aí reside todo o medo da bomba atômica. E, se falo de humanos, refiro-me a todas as classes sociais. Enquanto a solução for o anticoncepcional, estamos corrigindo efeitos sem chegarmos às causas.

Ao hoje não se negue o amanhã. Nem a seres humanos neguemos o direito de procriar. Antes, lhes demos educação suficiente para escolha consciente de planejamento familiar. O Brasil não se orgulhe desse 5º. lugar na demografia do Planeta. Estamos em 69% lugar em desenvolvimento humano – aquele que mensura a participação do povo em qualidade de vida e progresso humano. Dos brasileiros, 7% têm computador, 4% têm Internet.

É com esse perfil que nos apresentamos como a quinta maior população mundial. Algo resta a ser feito, além da pílula e do bisturi. É algo que depende unicamente da vontade política. Mas cada vez que ela emergiu, com ares de redentora dos miseráveis, houve terremoto, não como no Irã, como no Chile, nos dias de Allende.

Também no Brasil as crianças nascem. Morrem nos braços das mães, sem terremotos que façam o mundo saber o que acontece por cá. Até parece que elas morrem mais do que nascem. Você já viu, já ouviu uma ave morrendo. Sem estrondos, sem alarmes, nossas crianças tombam como falecem as aves.


Envie carta para Vini Jobis

Assine nosso Livro Nosso Mundo - Página Inicial Cantinho Lilás - Página Inicial Assine a Lista de Atualização de "Nosso Mundo"
Clique abaixo para participar da lista Espiritavox