Novamente o alvoroço começa. São eleições. Democracia é isso - assim falam muitos. Não, democracia ainda não é isso. Será um mito esta democracia política enquanto lhe não anteceder a outra, econômica.

Essa foi nossa fundamental diferença do Leste europeu. Lá, eles tentaram nivelar todo poder aquisitivo, de castas, famílias nobres, plebeus. Depois - diziam - abririam as urnas para o voto, porque, iguais no econômico, iguais seriam também nas urnas. Não foi isso o que ocorreu. A tal ditadura do proletariado continuou ditadura, deixou de ser do proletariado.

Aqui não serão todos iguais perante as urnas porque não são perante os cofres. Temos o voto comprado e vendido. Temos o suborno, a dependência, a corrução eleitoral, sob mil formas, através do poder aquisitivo. Ele até merece ter urnas nos cemitérios, de tantos mortos que ainda continuam votando.

De um acervo espantoso de fatos, escolho para análise a influência americana sobre a política brasileira. O megainvestidor Soros diz, para a “Folha de SP” publicar, que é isso mesmo: eleições brasileiras têm que ser decididas pelos americanos.

    Não viu mal, não sonhou. O dólar sobe, o risco Brasil também.

Nada de errado fizemos agora para a economia brasileira receber esse cartão vermelho. Até Malan, Ministro da Economia, diz com todas as letras, que essa turbulência econômica é puramente política. Disse, sem querer, que o capital americano faz chantagem com um povo inteiro para subir à Presidência quem ele quer. Você acredita na democracia manipulada por grupos estrangeiros?

O problema interno não é menor. Os partidos devem representar todas as tendências da sociedade. Seria louvável se as rádios, a serviço de políticos, as representassem todas. Mas são, em extensão nacional, de partidos tradicionais, a serviço de grupos organizados.

Existe alguma rádio do PT, do PSB, do PC do B? Se a resposta é negativa, dito fica que a sociedade não consegue ter todas as suas tendências representadas no Congresso porque não as têm a mídia, a fábrica maior de votos.

    Essa, a nossa democracia - quase impossível.

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