F. Pereira da Nóbrega





Jornal Correio da Paraíba, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Produção de armas





    Quando se discute o desarmamento dos brasileiros, olho um pouco mais além e me pergunto pelo armamento dos países.


    Tempos atrás, um cardeal falou em SP e um general o corrigiu. Um condenava a escalada brasileira de produção de armas. O outro jurava que liberdade cresce na ordem direta dos arsenais. Tanto que era graças à produção bélica do Brasil – 5º lugar no mundo – que um cardeal podia dizer o que disse.


    Quando os grandes não se entendem, os pequenos se encolhem. Encolhi-me na briga deles e fui ver o que a História diz sobre armas e liberdade.


    Não dá para se entender essa História do Brasil, se liberdade se faz com armas. No apogeu de nossa democracia, de armas só produzíamos canivetes. No auge da repressão militar, surgiu, quase gêmea do AI-5, a Empresa de Material Bélico (Embel). Hoje, graças ao poderia bélico, deveríamos ser o 5º país mais livre do mundo.


    Somos, entretanto, um capitalismo sem capital. Somos a enorme dívida externa, somada aos casuísmos da democracia de pacotes. Armas temos, mas somos realmente livres?


    A tese do general é contradita pela História do Mundo, onde o poderio militar cresceu, deitou na política o desejo de dominação. Violando fronteiras, enchendo cemitérios, destruindo culturas, desembocou sempre no sonho do Estado Universal, de dominação planetária.


    Assim fez a Roma dos Césares. Assim, Hitler, Napoleão. E a URSS de então, 2ª potência bélica do mundo, onde, com suas armas, plantou liberdade? E nosso adorável amigo da América do Norte, polícia e palmatória do mundo, invasor de todos os continentes! Diz que defende os países livres. Onde estão eles? Quando o sol empalideceu no céu de Hiroshima, que nova era de liberdade inaugurou?


    Considero uma vergonha que nós, Brasil, estejamos no mercado sujo da destruição do homem. Como seria fácil se liberdade fosse um tiro de canhão! Ela não se faz com armas, onde a vitória de um é quase sempre a opressão ao outro. A primeira semente da liberdade é a verdade, dita sem censura, ouvida sem algemas. A primeira vítima da guerra é a verdade que ambos os lados saboteiam.


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