F. Pereira Nóbrega

Prece de volta às origens

Quisera eu que tudo o que escrevesse fosse pedaços de mim. Nem desejaria escolhê-los. Um dia me vem vontade de escrever sobre política, outro sobre ética, outro sobre a condição humana. Um, dia me vem vontade de fazer poesia, escrever oração. E posso? Um cronista pode misturar tudo isso na sua coluna? Digamos que um dia, por exeção, eu possa. Despoja-me, Senhor, da poeira que trago dos meus caminhos. E do que meus olhos viram. na miragem dos abismos, e o coração amou, por não saber amar, despoja-me, Senhor. Faz-me voltar à pureza existencial que tive quando era apenas idéia pensada, na tua mente, antes da noite dos séculos, na vigília eterna do teu amor. Para que eu não seja mentira ambulante, nem frustração eterna, para que eu volte a ser eu mesmo. e me encontre, autêntico, na pureza das origens, como me amaste, antes da primeira estrela e da constituição do mundo, despoja-me, Senhor.

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