F. Pereira da Nóbrega

Jornal Correio da Paraíba, terça-feira, 19 de novembro de 2002 .


Política do corpo





    Do presente me chega que os Executivos eleitos, federal e estadual, pensam agora a mesma coisa: uma pasta especial para cuidar de Esportes. Do passado me chegam vozes que detratam o corpo, maldizem a matéria. Dizem que a alma é boa, o corpo é mau. Dizem que ele deve ser macerado, feioso em sua aparência, algemado em seus desejos, alquebrado em seus instintos.


    Procuro, não acho, os fundamentos dessa discriminação. Há tanta coisa bela que nasce do corpo: o beijo, o abraço, a carícia, as mãos que se apertam, acenam, sem falar dos filhos que geramos. Há tanta coisa hedionda brotando do espírito! A mente humana planeja guerras, extermino nazista dos judeus, bomba de Hiroshima.


    Não somos duas coisas distintas: corpo e alma, com existências distintas. Se assim fosse, de mim deveria dizer - não: eu sou - mas: nós somos. Sou um único ser, numa fusão integral de corpo e alma de tal modo que nada faz um sem usar o outro. Sou gente nessa simbiose perfeita do visível e do invisível, feito de alma em cada célula do corpo e de corpo em cada instante da alma. Deixe-me falar, então de Política do Corpo, para usar uma expressão já consagrada - certo de que estou falando de algo tão nobre quanto o planejamento, o estudo., Liberte-se, libertando o corpo. Mexa-se. Nessa civilização sedentária, corra e salte. Não espere que venha um estrangeiro chamado Cooper para nos ensinar o que o homem da Caverna já fazia. Talvez nem todo homem seja capaz de dominar um instrumento musical. mas é capaz de exercitar algum tipo de esporte e fazer de seu corpo instrumento de uma canção corporal. Sim, porque Político da Corpo não é apenas esporte. É também fazer do corpo, palavra, expressão corporal


    Quando a menina enjoa da boneca, se opera uma das mais belas revoluções da vida. Antes, ela não enxergava o outro, o parceiro da existência. Preferia canções de ninar para sua boneca. Era uma boneca cantando para outra ouvir. Um dia, ela se olhou no espelho e se desejou boneca também. Pensou no penteado, no rouge, no batom. Desejou sapatos altos, teve exigências no vestir. Pensou também no corpo, nesta era holística de se pensar o Eu integral.


    Bem-vindo o esporte e com ele toda Política do Corpo.


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