Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega



Permissividade e cultura

Os valores que damos às coisas não estão nas coisas. Estão em nossas cabeças. Por isso variam tanto os gostos e modos de viver.

Não apenas estão em nossas cabeças, individualmente, também na cultura de cada povo. Cada civilização é uma cadeia de valores, um horizonte de concepção de vida.

Quanto mais recuamos no passado, menos são individuais as concepções de ética, mais coletivas, massificantes, se apresentam. Esse fenômeno ainda cresce mais nas culturas de livros sagrados. Falo das civilizações hindu, judaica, medieval. Eram sociedades monistas, do pensamento oficial, seja do rei, seja da religião, como ainda hoje tende a ser a cultura maometana.

A sociedade pluralista começa com a deposição das monarquias, o surto democrático, a separação entre Estado e religião. Agora monta cada um sua escala de valores, sua concepção de vida.

Mas pensar não basta. É pensar inútil se dele não deriva seu respectivo agir. Então a conquista da sociedade pluralista levanta interrogações. Se cada pessoa, independente do familiar, do religioso, do social, quer seu pensar independente e seu agir conforme seu pensamento, como seria ainda possível a convivência social? Há os que assaltam e estupram, os que roubam o patrimônio público. Isso não deixa de ser outra escala de valores, outra concepção de vida. Tem direito a existir?

Responde-se que pense cada um como quiser mas vá agir conforme as leis da sociedade. E leis até que ponto expressam a sociedade? Não são muitas vezes o pensar de grupos de dominação? Até que ponto lei, sem convicções de valores introjetados, conseguem salvar uma sociedade?

Lei não salva. Pluralismo de pensamento não se coíbe. Entre um e outro extremo quem nos dirá onde fica o fiel da balança?

A humanidade já tentou dizer isso. E disse numa Declaração Universal dos Direitos do Homem em que se manifestaram tendências universais de valores maiores. Foi dito que todo homem tem direito à liberdade, cultura, educação, saúde, direito a uma pátria, um mínimo financeiro de sobrevivência na dignidade.

Voltamos aos primeiros passos. Urge um conhecimento do que seja o homem, para realizá-lo. Esse tecido de valores é oferecido em família e concepções religiosas, deitando raízes em convicções pessoais.


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