Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega


O selvagem bomzinho

Senhores do muito dinheiro, vocês todos me perdoem mas capitalismo selvagem é pleonasmo. Como feras, pode ser domado. Como elas, um dia estranha o domador. O instinto da selva entra em eclipse na jaula, se guarda para condições de igualdade na competição.

No capitalismo é também assim. Pode estar disciplinado por leis e conjunturas. Espera a hora de retomar o comando do Planeta. Quem disciplinou essa fera, por decênios, foi outra, no Leste europeu. Naqueles dias, o Ocidente se gloriava do humanismo de seu sistema econômico. Invocava direitos humanos. Desde a hora em que o Leste desabou, a fera mostrou suas unhas. Cunhou um neoliberalismo. E tem pressa de fazê-lo planetário;

Seu interesse maior não é o ser humano, sua educação, saúde, lazer, transporte - qualidade de vida, afinal. Diz que sem produção, dinheiro, nada disso existe. Está dizendo, portanto, que só o capitalismo tem o social para oferecer. E, se houver capital circulando, a qualidade de vida do povo melhora? A resposta dos fatos, nas estatísticas da Onu, é radicalmente contrária a essa esperança ingênua.

Na Eco do Rio, nações do mundo estavam preocupadas com a degradação do Planeta. A bio-diversidade tornou-se documento a ser assinado pelos governos presentes. Os Estados Unidos foram os únicos a não assinarem. O respeito ecológico seria limite a seu capitalismo, a seus modos de produção. E a fera, enquanto solta, não estende seu pescoço a ninguém.

Depois, no Japão, realizou-se outro encontro internacional para debater a preservação da Terra. Os Estados Unidos se opuseram. Sabiam que mais se produz, se lucra, quando todos os modos são tolerados, os poluentes também. Se o preço a se pagar for domar a fera, para degradar menos a vida, a lógica do capital sobrepõe o lucro ao viver humano. Desnaturaliza a natureza, desumaniza o homem.

A bacia amazônica, maior do mundo, perdeu seu volume, mostrou seu leito onde nunca tinha mostrado. Santarém,. por exemplo, no Pará, está tendo luz somente de dia. De noite, não mais. Falta água para mover a hidro-usina. O “civilizado” fica sem tv, geladeira, freezer, elevador e tudo o mais. O índio na mata está mais feliz.

Um sistema de produção envenena rios nos garimpas, destrói florestas que milhões de anos construíram, toma terras de índios, faz buraco negro na estratosfera, aquece o Planeta e derrete as calotas polares. É a fera que ninguém conseguiu domar.


Envie carta para Vini e Jobis

Assine nosso Livro Nosso Mundo - Página Inicial Cantinho Lilás - Página Inicial Assine a Lista de Atualização de "Nosso Mundo"
Clique abaixo para participar da lista Espiritavox