Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

O macro-humano

Desculpem o neologismo mas quem só usa as mesmas palavras, repete as mesmas idéias. Há modos humanos de ser, breves como família, trabalho. Há outros, macro-humanos, multisseculares, como a História de um povo, civilizações, modos de produção.

Os que assim não são conseguem ser dirigidos, planejados. Do presente, se governa o futuro. O macro-humano escapa a planejamentos, metas. mesmo de longo alcance. Não pertencem ao presente, nem mesmo como à semente de hoje pertence à arvore que dela nascerá. Quem planejaria o desfecho final da História do Brasil? Quem, o português que será falado no Ano 3000?

Firmado o conceito, me perguntem para que ele serve, afinal. Ao menos para despir algumas utopias que navegam a pleno vapor nesse humano das ilusões fáceis.

Uma foi a de Marx. Seu pensamento se condensa na crítica aos modos de produção ocorridos na História: escravocrata, servo-feudal, capitalista. Ele mesmo planejou um novo modo. Não percebeu Marx que isso tanto nos escapa das mãos como a construção de uma civilização. Todos eles floresceram, tombaram na sedimentação dos séculos.

Outra utopia hoje se constrói a vapor, sem tempo para sua maturação. É a atual ambição neoliberal, sua globalização, seus mercados comuns. É a certeza de inviabilidade de povos inteiros que não exportem mais do que importem. Como se o mais de um não fosse o menos do outro, seu naufrágio, destruição final.

Pensam que estão construindo o amanhã os que apelas atropelaram o hoje no México, Argentina, tigres asiáticos. Que mundo então restará, ao longo do próximo milênio, sobre a caveira dos outros modelos sócio—econômicos que o neoliberal, coveiro da História, vai sepultar?

Neutros analistas lembram que Economia não é projeção retilínea, matemática. O neoliberal equilíbrio perfeito, resultante do que existe de mais imprevisível - livre negociação - nem a curto prazo será atingido jamais.

A liberal e paradisíaca prosperidade atinge o ridículo para os estudiosos da Teoria do Cáos. Diz ela que até nas Ciências Exatas, sobretudo nas Humanas, o imprevisível determina o que virá. [«]


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