Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega


Olimpíadas, justiça e paz

Há idéias que voltam teimosamente aos homens em todas as épocas, em todos os quadrantes da Terra. Não existe língua, civilização não houve que não tenha ou teve as palavras paz, lazer, religião. Aposto que na estrela Arcturus da constelação do Boieiro, se homens lá houver, haverá palavras também para dizer paz, lazer, religião.

Talvez mais que estas, em toda parte se encontra a palavra justiça. Dos sentimentos humanos é um dos mais universais. Ela é exigida como medida das relações humanas.

Em diferentes épocas, se utilizaram recursos de jogar o homem contra o homem. Então se procurou lhe atenuar sentimentos de justiça, para isso manipulando outros, igualmente universais, como lazer, religião.

No mundo romano era proverbial se dizer que para apaziguar as massas se lhes desse “pão e circo”, dois anestésicos das reivindicações coletivas.

No mundo grego as Olimpíadas eram acontecimento tão insigne que, naqueles dias, cessavam as guerras. Importa anotar à margem da História: toda guerra é contenda em torno da justiça.

Na Idade Média, na sexta feira santa, as facções em litígio não lutavam. Tentava-se mitigar o ódio nascido do vazio das relações injustas. Mas a abstinência de guerra, nas Olimpíadas, na sexta feira santa, era um rito, não era uma solução.

O homem não é indiferente à paz. Mas ela é decorrência da sociedade justa. Não há esporte, Olimpíadas, paz não há se antes de tudo não houver justiça.

Nossos torneios de futebol são nossas Olimpíadas. Intencionalmente ou não, o próprio esporte entre nós resulta em povo menos reivindicante. Em cada cidade haja um grande estádio de futebol onde o povo esqueça no domingo as injustiças da semana inteira.

Até quando a receita vai dar certo? Quando uma idéia volta ao homem, sempre a mesma, não adiante perseguí-la. Milênios são breves para esquecê-la. Não adianta perseguir as ideais de esporte, de paz. Elas nos chegarão até a bordo dos discos voadores. Não adianta perseguir o sentimento religioso. Ele aflora mais fecundo quanto mais perseguido.

Possível ou impossível, a paz é desejo que não cessa. E se é a justiça quem enseja a paz, não adianta contra ela implementar lazer ou religião. A justiça é a eterna namorada do homem.


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