Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Ney: sua sina

Político diz sim, até se lhe pedem milagre. Peça a um deles que lhe troque uma nota. de R$12,00. Responderá certamente que sim e ainda mandará escolher: quer três notas de 4 R$ ou 4 notas de 3 R$?

São poucos os políticos virgens da primeira suspeita de ilícitos penais. Nem poderia ser diferente. Porque políticos e virgens falam linguagens opostas.

Se o político diz sim, quer dizer talvez. Se diz talvez, quer dizer não. E se diz não, não é político. Se a virgem diz não, quer dizer talvez. Se diz talvez quer dizer sim. E se diz sim, não é virgem.

Dias atrás, Ney Suassuna disse: não! A suspeita concluiu: talvez!

Jornal de Brasília publicou reportagem que o acusava de conivente com o escândalo do Banestado, mediação de doleiros, remessa clandestina de US 30,000 para Miami. A quantia quase desmente o relato. Bem mais que isso ele tem e pode, através de sua rede empresarial. Mas é provável que terá que se ver com a Justiça.

O não da Justiça facilmente equivale a um talvez na opinião pública. Se o processo for arquivado, até por falta de indícios, a massa conclui que talvez ele seja culpado. Se a Justiça o fez réu, lhe disse: talvez! A opinião pública já faz disso certeza e diz: sim, ele tem culpa. E se a Justiça disser sim à acusação, se o condenar, poderá ele não mais sobreviver como político, tamanha a incredulidade das massas.

Como bomba, o talvez do Correio Braziliense recaiu sobre Ney Suassuna. Soma-se a outro de tempos recentes. Nosso Senador era Ministro, renunciou, se candidatou a Governador. Tinha talento e garra para ganhar. Lá veio a suspeita de deslizes éticos, cheiro de escâmdalo, novamente em torno de dinheiros.

Nada estava provado mas a massa concluía: talvez! Ney foi prudente. Previu o prato feito da exploração adversária numa campanha governamental. Renunciou à candidatura. Guardou sua chance para mais tarde.

Tão excelente Ministro tinha sido de FHC, tão operante e onipresente aos afazeres ministeriais que o Presidente o convidou novamente para o Ministério. Não aceitou, resguardou-se ainda mais.

Tudo isso é tristeza para Ney, para nós também. A Paraíba vem de um jejum de homens públicos de renome nacional. Ney despontou com genialidade. São raros os paraibanos que chegaram a ser Ministros. Nenhum, com rapidez tamanha. Menos que implorando, implorado por um Presidente para Ministério, e ainda sem aceitar - no Brasil não conheço outro caso.

Mas, por que, Ney vive como na gangorra? Quando vai terminando de subir, começa a descer. Parece destino. O povo diz: é sina!

- Ney Suassuna, esta é sua sina. [«]


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