Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

F. Pereira Nóbrega Na ponta de lá

Os Programas Bolsa Escola, Bolsa Família, outros mais, saem de Brasília, nem sempre chegam ao destino. Reportagem da Globo mostrou municípios onde os carentes se inscrevem e não recebem, os que não precisam são beneficiados.

A culpa está na ponta de lá. Ela não é federal, é municipal mesmo, lá onde se instalou um comitê de controle e nem esse funcionou.

Nesta capital, manifestantes revoltados quebram vidros de um ônibus, o incendeiam, o reduzem a pó. As Empresas de Ônibus pedem rigor na apuração dos fatos, denunciam vandalismo, bloqueio de trânsito. Por que tanta violência?

As Empresas lamentam um ônibus. Os manifestantes lamentam uma vida tirado por outro, em alta velocidade. Matou um jovem de 16 anos, esperança atlética, já detentora de várias medalhas. Mesmo que atleta não fosse, não tivesse medalha alguma, - quem mais vale: um transporte coletivo ou uma vida humana ceifada?

A culpa está na ponta de lã.

Vivemos a civilização do lucro desde a Revolução Industrial. Em razão do mais ter se fazem guerras e guerrilhas, desde as duas mundiais até essa do Iraque. Os robôs trabalham, os humanos se desempregam. Não admira que nalguma Nota Oficial o ser humano valha menos que uma máquina.

Por mais que se façam e se discutam leis, por mais que se aprimorem as técnicas de investigação criminal, por maior que seja o esforço econômico de um país para se resgatar, é preciso também se pensar na ponta de lá.

É que só existe ética preventiva. Nenhuma existe para remediar.

Depois do delito, vozes se somam para punições. É tarde para remediar. E se ouve falar de pena de morte e prisão perpétua. Apenas punir não redime a humanidade.

O descompasso de nossos dias passa por essas duas pontas. Uma pede cadeia, leis mais severas, um clamor por justiça que mais lembra sede de se vingar.

Na ponta de cá está a ação preventiva da humanidade. Se alguém erra, seja punido, sim. Se todos erramos, punição não basta. Se uns são habituais do delito, se eu ainda não, a diferença é que na ponta de cá, na família, na educação recebida, uma ética me foi preventiva e me pôs freio aos mesmos delitos que outros não contiveram porque ela faltava.


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