F. Pereira da Nóbrega |
Ainda digo mal. Valores diferenciam culturas. Elas são na História o que são espécies na biologia. São as
espécies humanas. A alteração genética no animal, de regra geral, produz um monstrengo, por exceção um
ser mais perfeito. Seriam também assim as mutações culturais na História?
Ora no Brasil ocorre mutação cultural. Valores que ontem eram bandeiras de luta, hoje não se anunciam
mais. Ouvi - vocês também - que lugar de operário era na fábrica. Só doutores poderiam governar um país.
Diziam não votar num homem porque era barbudo. Por isso, um povo o rejeitava, sob genes ideológicos de
profissão, barba, nível de estudos.
Hoje ele é chamado de Sua Excelência, o Presidente eleito. Não raspou a barba, não se doutorou. Mas o
Presidente que sai não tem barba, é doutor e diz a seu povo: “esqueçam tudo o que escrevi”.
Valores nossos, culturais, rejeitavam alguém também pela cor, pelo sexo. Ouvi discriminações contra o
negro, a mulher. Agora uma negra é Governadora do Rio de Janeiro.
São mutações culturais, mais fecundas em conseqüências do que as biológicas. Nestas, a possibilidade
de sobrevivência do novo ser é a medida do certo e do errado. Nas mutações culturais, a sobrevivência em
questão é a da nação. Pois estamos no mesmo país, construindo outra nação. Porque cultura é a identidade
da nação. - essa que ora está em mutação. Novos genes culturais fazem exceção na História, governados
que sempre fomos por doutores e generais.
Esta mutação cultural não irá geral um monstrengo social? Não, se melhor serve ao ser humano. A
única medida do homem é o próprio homem. Se mais humano esse novo modelo cultural, seguramente não
só estamos aprendendo, também ensinando.
Santo ou paranormal, João Bosco, italiano, no Século XIX, viu em sonho Brasília, onde JK a construiria
depois. Deixou escrito: “entre os paralelos 15 e 16, à margem de um lago artificial”. Isso nós vimos. Disse
mais: “será o berço de uma nova civilização”.
Isso veremos. Não há civilização nova sem mutações culturais. Elas estão começando.