F. Pereira da Nóbrega


Mensagem de Natal (Francisco Pereira da Nóbrega)




       Que desça a paz sobre a Terra, sobre todos os homens de boa vontade.


       Que, com ela, desça a esperança de melhores dias. O principal não é viver muito, é viver bem. Sem esperança, não se vive bem um só dia.


       Que desça sobre a Terra a fé no suor que goteja do trabalho, na lágrima que desliza na face sofrida. Que cada gota de suor se faça acompanhada da certeza de que é semente de melhores dias. Se sofrer passa, ter sofrido não passa. Deita raízes na existência. Fecunda o amanhã. Desabrocha na primavera de imortais conquistas.


       Na semente, a esperança é árvore. Na árvore, ela é semente. Que, neste Natal, renasçamos nós, eternas crianças de quem o mundo não estragou a alegria de viver. Como nelas, tudo o que nos entre pelos olhos, nos plante amor no coração.


       Aquilo que nos dilacera é aquilo que nos transfigura. O casulo dos tempos difíceis nos transmude em crisálida de novas vidas. Só a dor tem potência de nos metamorfosear.


       Que desça sobre o rico a esperança - não digo de ser mais rico - de ser mais humano. Aquilo que seguramos é aquilo que nos escraviza. As aves voam, leves no céu, porque nada possuem. As mãos, fechadas na avareza, se tornem abertas na prodigalidade. E que as mãos abertas, de todos os homens de boa vontade, se entrelacem numa ciranda universal.


       Que um só homem não fraqueje neste gesto de mãos dadas. Nenhuma corrente é mais forte do que seu elo mais fraco.


       Que desça a esperança sobre o tugúrio, também. Quem muito tem guarda o desejo de ter mais ainda. Mas a esperança maior é a de quem nada tem. Ninguém, neste Natal, se sinta tão rico que não tenha o que demandar. Ninguém, tão pobre que não tenha o que oferecer. Ao menos, distribuamos o riso. Ele enriquece quem recebe sem empobrecer quem dá.


       Vamos perdoar, ainda que não perdoados. Vamos compreender, ainda que incompreendidos. A felicidade é assim, feita do infinitamente pequeno. Só nos falta descobri-la para cultivá-la.


           Esqueçamos um instante que o ano foi duro e a incerteza, maior. Construamos o futuro como a ave seu ninho: por fora é o amor tecendo as pequenas coisas; por dentro, é a esperança de nova vida.


       Como quem sente necessidade de respirar, vamos crer que amanhã será melhor. Vamos fazer de cada penúria degrau de nossa promoção. Vamos abraçar o pobre, o negro, o marginal, o menor abandonado. Vamos nos envergonhar de que esse abraço venha tão tardio assim. A fraternidade humana pede que o futuro supere o passado. Nasce o sol para viver um só dia mas cada dia renasce para viver outra vez.


       Que o sol deste Natal tenha a perenidade do eterno retorno.


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