CRÔNICA DE F. PEREIRA DA NÓBREGA |
Lá vem a nave de Ormuz
Finalmente, americanos conseguiram extinguir os incêndios e recuperar os poços de petróleo do Iraque.
Carregada de petróleo, lá vem a nave de Ormuz. Para nós traz combustão, petróleo, seus derivados. Joga nas artérias do Ocidente o sangue da economia capitalista para a combustão do homem pelo homem.
Lá vez a nave de Ormuz, do Kuwait, do Iraque, de toda parte por onde o americano passou. São naves dos sete mares. Também carregam matéria prima para a indústria do Ocidente.
Em breve também voltarão, carregadas dos produtos que o Ocidente fabrica. São tantos, tão supérfluos. tão caros que as multinacionais vão aos berços das matérias primas, alterando culturas, criando necessidades.
O que foi floresta em eras arqueológicas é hoje lenha para a fogueira da ambição ocidental. É esse petróleo quem faz girar a máquina produtora de cada vez mais bens para cada vez menos beneficiados.
Sobe a febre da cobiça no termômetro da dominação econômica. Sobe além do tolerável e o Ocidente delira na competição desleal.
Insônia, ansiedade, estresse montam eterna vigília nas urbes ocidentais. Ingerimos barbitúrios, tranqüilizantes. Morremos de úlcera, de colapso. A embriagues, o tóxico são formas de fuga à sociedade que construímos.
Se o mundo não tem como comprar toda a produção do Ocidente, seu capital tem que continuar girando. E a guerra é a única saída. O que importa para o Ocidente é que o mundo consuma – vida ou morte – tudo o que fabricamos.
Sou dos que torcem por um colapso da civilização ocidental.
Ela é apenas um modo de viver, entre dezenas de outros que a História experimentou. E talvez tenha sido de todos o pior da humanidade. Menos infeliz z foi o homem na civilização da pedra – polida ou lascada. Menos infeliz, na era do bronze ou do ferro.
Quando hoje um cogumelo no céu esmaece o sol, já sabemos: é a bomba atômica, é o clarão da civilização ocidental. É a humanidade com o dedo no gatilho, escolhendo o suicídio para ponto final da História.
O Ocidente é o protagonista desta desgraça.