Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Ilusão nenhuma!

Não lhe desejo ilusão alguma.

Não creia nas luzes acesas, nos risos só por um dia. Luzes são risos da matéria. Risos são luzes da humanidade. Elas desceram em cascatas. Do alto dos edifícios inundaram as avenidas. E o mundo pareceu outro.

Mas não lhe desejo ilusão alguma. Luzes também se apagam. Só uma existe que, uma vez acesa, ilumina a eternidade. Seu nome é amor, único troféu que desta vida se pode levar.

Amor ilumina. Luzes não amam. Ele vem de pessoas. Elas, de coisas que foram postas e dispostas. Duram horas, se desligam, se apagam. Mas todo amor é um desajustado no tempo, mendigo de eternidade.

Não lhe desejo ilusão alguma.

Por fora, o mundo pareceu outro. São tantos os festejos natalinos, tantas as canções deste tempo, tantos os presentes de Papai Noel, que imaginamos um mundo mudado. Mas nada talvez se renovou nos céus, na terra, no mar.

A mutação suprema do humano aconteceu quando o Céu tocou a Terra e uma criança nos foi dada sob o nome de Deus-conosco, pastor que vai tangendo rebanhos de séculos a caminho da paz.

Antes de lhe desejar Feliz Ano Novo, permita que mais uma vez lhe diga: não lhe desejo ilusão alguma. Homem nenhum se fez mais feliz porque eu lhe disse: Feliz Natal. Assim falando, apenas lhe dei presentes de pobre. Isso mesmo! Presente de pobre é desejar ao outro o bem que não tem para dar.

Amor é riqueza de pobre. Riqueza é pobreza de abastado. Amor nada custa, não se compra não se vende nem se aluga. Só acontece se for dado. Tudo difere se o coração mudar. Então a palavra seja mais sincera quando felicita. Transporta montanhas se é da fé que ela fala.

Não se alegre com o presente que deu nem se entristeça com o que deixou de ganhar. Com eles nos acostumamos, se tornam corriqueiras, não nos alegram mais.

Mas a criança se embevece com tudo o que vê e quer tocar, seja a flor, a ave, a estrela no céu, a lua nas águas. Então, não se iluda. Não se muda o mundo, enfeitando ruas e casas. Mas tudo renasce numa noite de Natal para quem se féz criança e com ela aprendeu a amar.

Do alto de minha pobreza lhe desejo Feliz Natal. [«]


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