Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega

A ideologia do imposto

F. Pereira Nóbrega

Vem chegando o tempo de impostos. É tempo de mais se refletir sobre eles. Menos que algarismos, mais que palavras, impostos são ideologias, pedindo a palavra.

Da Idade Média para mais remotas eras, o povo era tributado a serviço de seu rei. Ter rei era não se ter, se pertencer, se governar. Era a ideologia da monarquia absoluta sobre a nação. Cessou a monarquia, inverteram-se os termos. Agora o servo da nação se chama Estado.

É na teoria. Na prática, a teoria é outra. O Estado democrático tributa o cidadão. As cifras do ato estão pejadas de ideologia. Indiciam que o Estado é servo de uns, senhor de outros, nesta nação fracionada.

É meridianamente claro que pobreza não se limita se riqueza não se limitar. Nunca haverá nação rica, de maiorias pobres, excluídas, marginalizadas.

Na hora de se limitar pobreza, pondo corda no pescoço das grandes fortunas, treme o chão, há tsunami, o sol desmaia. A sequela desta opção nos chega, diariamente nos tributos que nos punem, anualmente nos orçamentos que nos regem. São dois momentos de algarismos, prenhes de ideologias.

Nossos orçamentos são eloquentes números de preferências dadas ao econômico, de desprezo pelo social. O Proer - se lembra? - somou em favor dos Bancos. Nosso capitalismo, sem capital, multiplicou juros em favor de alguns, atraídos do Exterior. Dividir, que é bom, ninguém dividiu sequelas. do Real combalido, dos novos imposto, do déficit previdenciário.

Somos hoje o segundo povo mais tributado do mundo. E ainda se ouve que precisamos ser mais tributados.

Repitamos ainda: pobreza não se resolve com riqueza ilimitada.

Os States não limitaram suas grandes fortunas. E no país mais rico do mundo há 30 milhões de miseráveis. A Suécia não tem um só mendigo. Limitou as grandes fortunas. A partir de um certo patamar, os lucros são maciçamente do Estado, a serviço do social.

Dizem que é demais complicada essa tributação das grandes fortunas. . A Suécia mostrou que não tem complicação alguma, além da vontade política. A própria CPMF é tributação proporcional, justa, insonegável. Seu defeito: seja imposto único, não um a mais.

Terça-feira, 18/janeiro/2004


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