Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega



Ideologia e classe

Existe uma luta de classe. Se hoje não aparece tanto é porque dois não brigam quando um não quer. Há classe perseguida, despojada, e mesmo assim não revida. Há classe opressora, ocupando na sociedade seu espaço e o dos outros também. Um dia os despojados protestam, quiçá usam de violência. Então aparece a ponta oculta do iceberg, o jogo surdo dos conflitos mútuos.

Para se explicar mais esse silêncio ou estas explosões sociais, se precisaria recorrer ao significado das ideologias. Entendemos por ideologia um sistema de idéias que, direta ou indiretamente, apresenta uma doutrina, religiosa, política, social. Todo Direito, toda Religião, toda Política é ideologia. Nesses conflitos de classes, clamorosos ou surdos, a ideologia tem sua função. Por vez justifica as necessidades humanas, fazendo do carente um conformado. Por vez se dirige aos exploradores e os justifica igualmente.

As ideologias se ligam muito às necessidades humanas e às classes sociais. Não há uma ideologia só como não há uma classe única. O homem será sempre um ser que tem necessidades, por vezes comuns a inteiros grupos humanos. Quando há secas os flagelados se cobrem de necessidades. Na barriga a fome, na cabeça a ideologia que justifica sua miséria.

A classe dominante não apenas gera as necessidades da outra, oprimida. Procura lhe introjetar a ideologia que justifica o estado de miséria alheia. Tais ideologias caminham desde a escola até os meios de comunicação.

Religião, Política, Direito, são ideologias, não necessariamente más. Homens da Igreja se prestaram longos anos ao desserviço de legitimar as opressões, incutindo nos oprimidos valores que faziam bendizer suas misérias. Caminhavam de par com a política dominante

O Direito também se posiciona como ideologia. Os miseráveis têm aumentado assustadoramente. Violentados, eles já eram desde os navios negreiros, desde as caravelas de Cabral. Mas Religião e Política se conjugavam então na comum arma ideológica de opressão. Foncionavam como uma espécie de anestesia social.

Vez por outra, como eco de uma ideologia do Direito, .retorna a idéia de pena de morte, também contra parcelas humanas que agridem porque são agredidas. A Política ainda é patrimônio da classe dominante e parece esdrúxulo que um operário chegue ao Poder.

Agora sofremos as conseqüências. A subversão vai deixando de ser arma ideológica de grupos oprimidos. É a classe média, ou a mais alta ainda, que, de grupos orgnaizados, de arma em punho, de droga no bolso, quer subjugar toda a sociedade.


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