Dizemo-nos iguais perante a lei. Não o somos.

Ao menos partidos políticos são desiguais na corrida ao poder. Quem nos confirma essa anti-democracia é o próprio horário eleitoral.

É atentado contra a democracia essa divisão do horário gratuito entre os partidos. Porque o critério de divisão do tempo na mídia beira o escândalo. Respondem-me que é lei. E qual o critério da lei? Respondem-me que a própria pergunta é ignorância jurídica.

À lei não se pergunte por quê. Tem sua finalidade em si mesma. Ou permitam-me os juristas dizer assim: o fim da lei não recai sob lei. Ela em si começa, em si termina. Talvez por isso, nenhum decreto diz em artigo seu qual seu objetivo.

    Se a lei nos diz iguais, essa democracia nos parece um fora-da-lei.

Então me refugio no diálogo com o legítimo. Por que um partido tem 2 minutos, outro 1000% a mais? É o tamanho do partido - me respondem ainda. Finalmente tamanho é documento.

Mas horário eleitoral está a serviço do povo, não dos partidos. Veja o círculo vicioso: têm mais chance de eleição os partidos que tiveram mais horário eleitoral. E o terão os partidos que mais foram eleitos na vez anterior.

Deveriam todos os candidatos ter o mesmo tempo em horário eleitoral. A nós cheguem iguais. Nós, o povo, a democracia, os desigualemos nas urnas. Tão tendencioso quanto a pesquisa eleitoral tendenciosa é este horário.

Os que ora governam têm maior chance, não em nome do povo mas da lei. Sempre ouvi dizer que lei é feita para o inimigo. Em eleições, é para a oposição. Tenta inviabilizar um dos apanágios da democracia: a alternância no poder.

Horário eleitoral se destina ao eleitor, a conhecimento dos candidatos. Por que todo eleitor precisaria de mais ou menos tempo conforme o partido do candidato? Isso é o mesmo que limitar o capital de cada Partido para a campanha ou limitar, conforme partidos, o tamanho da propaganda nas ruas.

Quando eu ouvia alguém gritando que seu nome é E n e a s, ouvia um grito do legitimo contra o legal. O que ele queria dizer mesmo era que o tempo que lhe davam mal sobrava para dizer o próprio nome.

    Nem nas eleições somos todos iguais perante a lei.

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