F. Pereira da Nóbrega |
Há países, política e financeiramente, escravos. Há uma divida externa, rolando por séculos abaixo, sem
esperança alguma de ser paga, senão nos juros perpetuados. Há uma ecologia destroçadas nos rios
poluídos, nas espécies quase dizimadas.
Não só a natureza se desnaturou. Há também o homem deshumanizado. Há menores sem infância, sem
pais. Há trabalho escravo, meninas prostituídas se se quiserem ainda vivas. Há poderosos corrutos,
comprando mandatos políticos para se enriquecerem ainda mais.
Há uma única força, movendo todas as forças. Seu nome é o capital. Tornou-se convicção de povos.
Beira tornar-se da humanidade. É a convicção de que para o homem o dinheiro basta. E nenhuma outra
força é capaz de dominá-la.
Mas outra há. Seu nome é a verdade. E esta tem a força de deitar consciência infeliz nos poderosos,
fazer descontentes as minorias sacrificadas. Por mais que o capital compre, fabrique opinião pública, por
mais que a mídia seja controlada, nos subterrâneos da vida ainda caminha a verdade. Nos sussurros entre
amigos, na confidências dos lares, contra a mídia comprada, contra os tanques na rua, ainda se soletra a
verdade.
Napoleão quis dominar seu mundo. Hitler quis convencer os alemães de que era vítima dos aliados.
Bush quis convencer seus contemporâneos de que a solução certa seria a guerra preventiva contra os gazes
mortais que não achou no Iraque. Todos eles passaram. Restou somente a verdade.
E a verdade gera inconformados quando é ela o grito único de direitos humanos e justiça internacional.
Dos subsolos da mentira organizada, surgem vítimas, heróis de seu povo e de seu tempo, como Gandhi,
Mandela, Tiradentes. Têm nas mãos apenas a verdade.
Meus leitores me permitam hoje esse desabafo. Para que a hora não seja de puro pessimismo, vamos
guardar a certeza de que a verdade nos libertará. Ela vai sempre gerar homens à altura de seu momento
histórico. Melhor seria quer não precisássemos de heróis. Mas se eles forem precisos, a verdade os
produzirá.
F. Pereira Nóbrega