Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega



Exija

Quem não chora não mama. Exija limpeza na sua rua, água em seu bairro, escola onde morar. Não se pergunte se o outro tem o que você exige. Pergunte-se por seus próprios direitos. Neste mundo-cão, se de si não se lembrar, na sociedade não haverá lugar para você.

Não exija sozinho. “É de sonho e de pó o caminho de um só”. Perante o forte, o fraco, isolado, é suicida. Sozinho você pede, não faça como igual. Sozinho, recebe favores, direitos jamais.

Nossa sociedade está repleta destes míseros seres, mendigos de seus direitos. Procuram pistolões e os acham. Através deles galgam postos, obtêm favores. Longe de ficarem mais livres, ficam mais escravos. Nas eleições não votam, pagam favores. Poderosos usurparam o que era deles para lhes devolver com juros que a vida inteira é pequena para pagar.

Exija, não peça favores. Por isso, una-se, organize-se. Deve haver um Sindicato de sua classe, uma Associação de Amigos de seu Bairro. Se não existe, a faça existir. Comece por aí. Os poderosos, em seus palácios, não gostam de receber caravanas de reivindicantes. Preferem que entrem alguns. Prefeririam que nenhum entrasse.

Não só de pessoas, de outros países exija também. Anos atrás, toneladas de carne foram vendidas pelo Uruguai ao Iran. Foram devolvidas porque estavam estragadas. Revenderam-nas ao Brasil. que as devolveu também.

Outra vez venderam ao Brasil carne magra demais que não tinha achado mercado na Europa. Os compradores brasileiros justificaram: “será industrializada e revendida a povos menos exigentes”. Entendeu? Os que não exigem comem a carne que merecem. O prêmio da subserviência é doença, analfabetismo, mendicância, desemprego, prostituição. Exija.

Você acabou de ler, na boca da lógica comercial, que não só pessoas existem, países inteiros também “menos exigentes”. Outros há que sabem reivindicar. Durante anos, mães se reuniram na Praça de Maio em Buenos Aires. Exigiam que os poderosos prestassem conta dos filhos desaparecidos. Eles tinham armas, elas tinham lágrimas e constância. Venceram elas.

Exija. Esta é a escola dos fracos, o caminho da libertação. Não sabe exigir:? Aprende-se a nadar, nadando. Grupos humanos aprendem, na reivindicação organizada, fazendo valer seus direitos.

Faça chegar à opinião pública sua luta, resistência. Exija.


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