Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Deus e destino

Um pensamento grego chegou até nos, falando de cega força, dita Destino. Na vida não aconteceria o que quero, só o que, antes de eu nascer, o Destino me marcou. Na Grécia era representado por uma coroa, sinal do poder. Este, de cego poder, acima até dos deuses. Ao lado, uma roda, presa por uma corrente, estava dizendo que era impossível a roda rodar. Ou seja: os decretos do Destino eram inalteráveis.

Desmente isso hoje a História do Homem, se librando no Espaço, caminhando sobre a Lua. Quanto menos Destino houver, mais esperança haverá. E o homem é o animal da esperança. Este novo pensar reconhece forças físicas, até dos astros, Influenciando, não mais que fisicamente, o homem. Nem se choca ele com outras forças físicas, ainda não explicadas, do mau olhado, do pensamento positivo, da paranormalidade.

Quando se faz a célebre pergunta – de onde vim? – o pensamento cristão fala de um Deus altamente cioso da liberdade humana. Prefere alguém se condenar por seus próprios pés, a ser salvo, sem escolha, por mãos alheias, divinas que sejam. Fala de um Deus Providência, como oferta e ajuda a quem precisa, como inutilidade a quem o rejeita.

Fala ainda de um criador do humano, a quem confere talentos. Mas de ninguém retira a liberdade de investir no mal. Cada vez pergunta a este ser, livre, se aceita colaborar. O pensamento cristão sepultou o Destino. Fez a humanidade respirar mais aliviada, também mais responsável.

Garaudy, pensador francês,, quando ainda marxista, saindo do ateísmo à procura de algo mais, escreveu esse texto: “Sob o reinado de Tibério César, um homem, nem filósofo nem tribuno, dilatou os horizontes dos homens. De tal modo viveu que toda sua história tem um significado.. Ele mudou a vida Filósofos anteriores meditavam sobre o Destino e as forças cegas que regem a vida humana. Ele foi exatamente o contrário do Destino. Foi a liberdade, a criação, a vida. Riscou da Historia o pensamento fatalista. Vós, homens de fé, detentores da grande esperança, devolvei-a a nós todos”. [«]


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