Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega Contratos e obrigações

Não, não vou falar de Direito Civil. Disso não entendo. Falo do meu bairro, o Bessa, de que entendo há mais de 15 anos. De dia, é praia nobre. De noite, é abandono. O dia é de trabalho e lazer. A noite é do ladrão.

Há quadrilhas organizadas para roubo de templos. Ontem Janeiro findou. Pois num só mês foram arrombadas uma igreja evangélica, as igrejas de Senhora de Nazaré, São Miguel. São Luís, todas no Bessa. Um senhor foi seqüestrado. Uma senhora teve começo de invasão em sua casa. Há mais uns 10 casos –e não estou exagerando - nos lugares que ficam, pelos bandos que ficam, em Janeiro que passou.

É então que falo de contratos e obrigações. Ambos são bilaterais, de direito, nem sempre de fato. Obrigação unilateral tem outro nome: escravatura.

Pois nós, habitantes do Bessa, vivemos a experiência do contrato bilateral com obrigação de uma só parte. Pagamos impostos federais, estaduais, municipais. E experts do assunto dizem que mais altos no mundo, somente na Dinamarca. Lá se paga e se vê. Aqui se crê e se paga. Prestamos créditos a cada autoridade, sobretudo a tantas que moraram e ainda moram no Bessa abandonado.

Um dia as procuramos. Prometeram: fizéssemos uma guarita e nos dariam o policial. Ela foi feita. ele nunca pisou lá. Um dia, o ladrão forçou a porta de minha casa. Sem arma, telefonei para a polícia. Ela me indicou outro telefone. O outro indicou o anterior. Enquanto os dois se escusavam mutuamente a porta ameaçava se abrir. Usei um apito, dei alarme, o ladrão se foi.

Esse artigo é um apito, um alarme. As línguas ferinas dizem que o ladrão no caso é quem recebe o imposto e não investe em Segurança. Tanto não digo. Mas lembro o que uma Ong, pró paz, fez na Itália, contra 18% do orçamento destinados a despesas com armas. Sugeriu à população sonegar exatamente 18% nas declarações de impostos.

Ontem Janeiro findou. Começam os meses impostuais. Quanto por cento dos orçamentos é destinado à Segurança? Consta nos papéis, não nas ruas e praças. Vamos sonegar a quantia respectiva em impostos estaduais?

Não digo que sim porque isso me levariam â cadeia. No Bessa, o cidadão é o criminoso. O ladrão não paga na cadeia. Mas entre impostos e cadeia, o cidadão é quem paga. [«]


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