Projeto DOSVOX #Comunicação e valores







    A última conquista da Civilização Ocidental é a liberdade no agir.


    Cada um faça o que quer, como e quando quiser.


    De repente já começamos a nos corrigir. Censuramos políticos que roubam dos cofres públicos. Em tempo de eleição, somos mais exigentes com o que dizem, se irritam, calam. Ciro não fale de Patrícia daquele jeito. Reduzimos então coerções éticas a uma só: seja censurado apenas o que prejudica terceiros. No mais, ninguém dê palpite sobre a vida alheia.


    E existe vida que seja apenas alheia?


    Todos os nossos atos são portadores de valores. Choro e rio valores. Se tenho saudades, se porto luto, se desconfio, temo, espero, nada disso eu faria se não estivesse atribuindo valores ao que me ocorre na vida.


    Todos esses atos, posturas, gestos, são formas de comunicação. Um só deles não há em que eu não esteja dizendo o sim ou o não. Não são afirmações ou negações intelectuais, de puras idéias, conceitos. Viver talvez seja sentir mais do que pensar. E sentir é também julgar - não sob critérios de verdade e erro – sob os outros, de gostar, averter, conferir ou negar valores.


    Começa a se complicar essa ética, social apenas, nula na individualidade. Porque meus valores, poucos de mim vieram, muitos me foram herdados. Sociedade, cultura, convivência afinal, são ninhos de contágio, éticos mais que corporais.


    No mais privado da privacidade, no recesso de meu lar, tento passar a meus filhos normas de conduta, sentido do existir, bússola de vida.


    Ao menos aí - diz o agnosticismo ético - seja o homem livre da sociedade.


    Ledo engano! A mídia é contagiosa, toda ela prenhe de valores, também da vida privada. Então me denunciando, me aplaudindo, mesmo se não roubo de cofres, não falo como Ciro fala. Não há novelas sem defesa do certo, acusação do errado. Assim não há um só programa de tv, filme, letra de canções, videoteipe.


    Na mídia, no gesto, na leitura, no riso, na dor e na lágrima, estão dizendo a mim, e eu passando aos outros, julgamento de bem e de mal. Como o capitão em alto mar, a cada instante consultando sua bússola, assim vou capitaneando a vida, à luz dos valores esposados. São eles que me dão sentido ao viver.


    Então pereçam distinções falazes que pretendam liberdade plena ao viver individual. Melhor faz quem tem pés no chão e vê a dialética do individual sobre o social, voltando ao primeiro, também em questões morais.


Envie carta para vinicius

Logotipo do NCE Copyright (c) 2000 - Núcleo de Computação Eletrônica - Projeto DOSVOX
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Conectada à INTERNET através da RedeRio de computadores
Fale com o Webmaster