Projeto DOSVOX F. Pereira Nóbrega



Chico Xavier

Se quantidade vale, morreu o maior escritor brasileiro, com mais de 420 obras publicadas. Nas traduções para várias linhas, devem ter atingido uns 60 milhões de exemplares.

Mas se é qualidade quem vale. Xavier, mais que escritor, foi um ser raríssimo na humanidade. Não discutamos se foi médium ou paranormal. Isso ainda lhe é o menos relevante.

Paulo Coelho está fazendo fortuna, tentado a Academia de Letras. Tente e faça. Nunca chegará aos 420 livros que Xavier deixou. Nem Chico perseguiu a Academia de Letras, o sucesso financeiro do outro.

É que Xavier desmoralizou o capitalismo. Ignorou as leis do mercado, viveu sem dinheiro, repassou a terceiros tudo o que ganhava.

Desmoralizou também essa civilização Ocidental, da competição, do estrelato, da glória, da opressão para ser o primeiro. Viveu pobre, em casa pobre. O sucesso não lhe virou a cabeça, como fez com Maradona à procura da droga, ou como aquele africano, no continente da Aids, pagando US$20.000.000 para desfrutar o Espaço.

Esqueceu-se de si, amou o ser humano. Poucas vezes o lugar comum foi tão verdadeiro: a humanidade hoje ficou mais pobre.

Se todos fôssemos como Chico Xavier, estariam resolvidos problemas como poluição dos rios, devastação das florestas, buraco na camada de ozônio. Se fôssemos como ele, talvez não houvesse guerra no Afeganistão, conflitos bascos, irlandeses, árabes, drogas no morro, pedofilia nos sites. Deixou dito em sua vida que para todos os problemas humanos amar basta.

Cresce vertiginosamente o progresso tecnológico. A quem confiaremos então uma bomba atômica de 100 megatons, capaz de destruir o Planeta? A quem, a manipulação de genes, a caminhos dos clones? Se não cresce a doação aos homens, a tecnologia marcha para a imolação da humanidade.

Morreu dormindo quem sorrindo viveu. Desejou morrer numa data em que o Brasil estivesse rindo. Conseguiu no dia do Penta.. Agora, para sua despedida, a fila é de quilômetros. Os que em vida fez sorrir, ora morto, faz chorar.

Por tudo isso, repito: é secundário discutir se Xavier foi paranormal ou antena de espíritos do Além. Sua vida, seu exemplo, pairam acima de qualquer discussão. Eis o essencial.


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