F. Pereira da Nóbrega

Francisco Pereira Nóbrega.


Jornal Correio da Paraíba, Domingo, 25 de Agosto de 2002.


Candidatos à morte





    Por terceiros, foram candidatados à morte dois que ora se candidatam a deputados Luís Couto e Anastácio. Têm ainda em comum que são sacerdotes e petistas. Tanta coincidência não pode passar de acaso.


    Se aí estivessem à procura de projeção e de glórias, se fizessem da política um meio de vida, estariam dormindo em berço esplêndido, como tantos que roubaram, não foram punidos pelo Estado nem por mãos privadas.


    Ninguém é morto neste país, sequer ameaçado, se defender o status quo de meio milhão de meninas prostituídas, dez milhões de brasileiros sem teto, outros milhões sem terra, comércio para o Exterior de escravas brancas e adoções ilegais. Nem sequer seus nomes chegam à mídia. Quando Tim Lopes quis levá- los foi também assassinado.


    Mas eles existem e persistem, anônimos, intocáveis. Nem tão anônimos se se quiser ouvir o traficante de ecstasy, que se diz intermediário de “figurões” da sociedade paraibana. Mas já se garantiu que tais nomes não serão revelados. Nem tão impunes teriam restado se alguma CPI tivesse tido a coragem de suas razões de existir.


    Anastácio e Luís Couto dizem nomes. Por isso um já desceu à prisão, outro já tem o pistoleiro em Pedras de Fogo, escalado e declarado. Ambos estão alvo de assassinato. Continuam uma luta em defesa dos desvalidos deste país, na cidade, no campo, no indigenato. Continuam sabendo que o fim deles poderá ser o de mais de cem, assassinados pelo poder rural, incluindo sacerdotes, advogados, líderes sindicais da causa rural.


    Por onde ora passam, seguranças garantem fogo contra quem os tocar. São cortesia do Estado. Sabemos que tudo aquilo, menos que fogo é apenas fumaça. Ninguém garantiu a vida de Margarida Alves. Chico Mendes sabia e disse que daquela semana não passaria. Seguranças não bastaram.


    Entre os traços comuns destes dois deputados, omito o PT para não parecer discurso político em momento eleitoral. Têm ainda em comum a fé num Homem que foi além de sua raça judaica, em busca de esperanças para a humanidade. Deixou dito que neste amor universal se privilegiassem os mais carentes, abandonados. Porque, não por novenas ou promessas, é pelo compromisso com os outros que seremos julgados. Deixou entendido que é falsa a conversão ao puro rito. Quem ainda não se converteu ao ser humano, a Deus também ainda falta.


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