Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega


F. Pereira Nóbrega A vila

Casas olhando casas, uma pegadas às outras. A rua passa no meio, os carros passam na rua. As mães seguram as crianças para não serem atrpeladas. Não há escola, não há correio, não há farmácia. Quando o carro pára, traz encomendas, leva saudades.. Quando rapazes passam, por vezes levam saudades.. São mocinhas na idade de casamento. Não só escola e farmácia, casamento também falta.. Jovens saíram pra longe. Foram ganhar a vida em Rio, São Paulo. Mandam cartas, dinheiro, por vezes. Por escrito, mandam beijos para as namoradas. Eles mesmo se mandam.

Ninguém lê jornal. Pra que jornal? O que acontece na rua tudo mundo sabe. A privacidade diminui. De boca em boca, vida de todos se espalha. Se faltar açúcar, se faltar sal, a vida grita sobre o muro que a outro empreste do seu, enquanto ela ainda não vai comprar.

Quando a tarde desce há cadeiras nas calçadas, rodas de pessoas conversando sobre o dia que finda, vendo as estrelas do céu que a elétrica não apaga, porque ainda não chegou eletricidade.

Ou se chegou, a vida não é mais aquela. Não há mais tempo para se sentar nas calçadas, se conversar. Colocam-se diante da tv e quem não a tem procura o televizinho. Acompanham a novela, outros modos de viver, outros padrões morais.

O prefeito passou por ela, prometeu um grande presente, se fossse eleito. Foi e o presente veio. Uma grande televisão na praça.. E agora todos se encontram sem se encontrarem. Ninguém olha pra ninguém, ninguém diz boa noite, como vai. Acompanha-se a tv, é outra era que vai começar.


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