Leia crônicas de F. Pereira da Nóbrega |
As chaves de Hugo
Desde remota antiguidade, abrir, fechar, são momentos do poder e de chaves igualmente. Ainda hoje, à entrada da cidade, simbolicamente, o prefeito entrega chaves ao homenageado.
Na Venezuela, o povo, democraticamente, as entregou a quem fez Presidente seu: Presidente Hugo Chávez. Houve apenas um detalhe que quase invalidava tudo. E por esse detalhe, a vontade do povo foi jogada no lixo duas vezes. Hugo duas vezes foi preso, deposto, voltando novamente. a seu mandato.
Se todo poder vem do povo, como as democracias badalam, se por vontade livre Chávez recebeu as chaves, só restava à democracia ser coerente com o que se diz. Em vez de haver golpe de Estado, perguntou ao povo se Hugo ainda merecia deter o poder. Foi o plebiscito que acaba de se realizar, com 58% dos venezuelanos dizendo não a um impeachment e a OAB confirmando a legitimidade do resultado.
Mas que detalhe foi esse que preferiu invalidar regime democrático, prender e depor Presidente? É que Hugo levou democracia a sério. Se todo poder vem das maiorias, ali elas vivem em miséria gritante. O país é rico, o povo se divide entre pobre e miserável.
O quinto maior produtor de petróleo no mundo produz para alguns marajás. Se o petróleo é de alguns, se o poder é do povo, a conclusão é claríssima: Chávez governasse para o povo, não para os privilegiados. Não continuasse democracia a ser o poder que não pode.
Dou exemplo de dois democratas, um cá, outro lá fora, que só respeitam a democracia que favorece ricos. Um foram os Estados Unidos, mais de uma vez simpatizantes da deposição de Hugo. E já depuseram muito Presidente que o povo elegeu, desde Allende, se o eleito quis abraçar o povo.
Outro exemplo é de Bóris Casoy, profissional denunciador das ditaduras no mundo, não porque sejam ditaduras, porque ali se perdeu a chance do voto que o poder aquisitivo manipula para que democracia continue sendo o Governo dos poderosos.
Numa coisa Hugo errou. Se o Governo é democrático, se o regime é capitalista, um mandato só é insuficiente para um Presidente fazer realmente a vontade do povo. A pressa gera crises institucionais. Ou reformas sociais se fazem gradativamente ou a direita internacional invade nações, depõe Presidentes, até mata alguns, para o povo não ter o poder que o resgate.
Mas desta vez Chávez continua com as chaves.
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