F. Pereira da Nóbrega











Jornal Correio da Paraíba, Domingo, 1 de Dezembro de 2002.

Desespero e angústia







    Ao final da Era Antiga, instaurou-se um sentimento generalizado de insegurança e incerteza. Roma conquistara o Oriente Médio, o Ocidente também. Era a tirania dos imperadores romanos. As massas se sentiam nas mãos de poderes que escapavam a qualquer previsão e controle. Depois, até o império caiu. A angústia gerou o desespero, na impossibilidade de planejar e prever, agir e reagir. A fuga de homens para o deserto também era a maneira de se reduzir a impotência de articular pensamento e ação.


    O final da Idade Média foi de angústia também. O radicalismo religioso foi gradativamente transferindo o medo da morte para o medo do que poderia vir depois. Houve angústia e desespero. Surgiram peregrinações, autoflagelações. Multiplicaram-se devoções a relíquias, buscas de indulgências. Era o desespero perante o sobrenatural.


    A entrada na era contemporânea também não foi diferente. O homem se sente seguro perante o costumeiro, inseguro perante o novo. Na Idade Moderna foi a queda dos absolutismos, a estréia do liberalismo, da tecnologia. Foi angústia e desespero também.


    Poderíamos falar dos mesmos fenômenos em períodos históricos menores. Houve angústia e desespero do povo alemão, depois da Primeira Guerra. Era a nação dizimada, econômica e politicamente. Era um povo humilhado, sob controle internacional. O desespero dessa angústia se chamou nazismo.


    As massas queriam ouvir esperançais que o presente negava. Ouviram que eram um povo superior, fadado a dirigir a humanidade. O desespero acreditou. A angústia diminuiu.


    Hoje é o existencialismo de Sartre, confessando que “o homem é uma paixão inútil”, “essencialmente nada”. É o de Heidegger, confessando que “o homem é um ser para a morte”, A literatura medieval escreveu seu desespero na comédia de Dante. A nossa o reescreve em obras como “Bom dia, tristeza”, de Sagan. E essa paixão, de procurar nos céus, naves tripuladas, vindas de outras galáxias - o que será isso, mesmo? Eles estão buscando nas estrelas o que a Terra não mais tem para dar?


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